Alterações genotóxicas e proteômicas em glândulas salivares de ratos após exposição crônica ao mercúrio inorgânico
Glândula salivar. Mércurio inorgânico. Cloreto de mercúrio. Proteômica. Glândula parótida. Glândula submandibular. Genotoxicidade.
O mercúrio (Hg) é um metal tóxico que tem se tornado, nas últimas décadas, um problema de saúde pública, devido a contaminação ambiental que envolve o solo, água e peixes de várias espécies das regiões atingidas pelos dejetos oriundos da indústria e da atividade garimpeira. As populações ribeirinhas e indígenas são mais vulneráveis à intoxicação crônica principalmente por meio da ingestão de peixes contaminados. A forma inorgânica do Hg pode causar várias alterações biológicas em células e tecidos através do seu potencial tóxico cumulativo, mas pouco tem sido comprovado experimentalmente sobre os efeitos do Hg inorgânico nas glândulas salivares, um importante órgão modulador da saúde bucal. Nesse âmbito, o objetivo desse estudo foi investigar a existencia de danos no conteúdo genético celular e possíveis alterações no proteoma após uma exposição ao Hg inorgânico. Ratos Wistar machos adultos foram divididos em grupo controle (n=20) que recebeu água destilada, e grupo exposto (n=20) que recebeu cloreto de mercúrio (HgCl₂ - 0,375 mg kg-1 dia-1) por via orogástrica durante 45 dias. Após isso, os animais foram eutanaziados e as glândulas parótida e submandibular foram coletadas para análise de genotoxicidade, pelo ensaio do cometa, e analise proteômica seguida da análise bioinformática over-representation para identificação das alterações proteicas. A análise estatística foi feita por meio do teste t-Student com nível alfa de 0,05. Os resultados mostraram a presença de danos ao DNA nas glândulas parótidas e submandibulares e alterações proteômicas em processos biológicos com proteinas relacionadas ao estresse oxidativo, atividade mitocondrial, apoptose e citoesqueleto. Portanto, esses achados revelam que o Hg inorgânico pode desencadear alterações moleculares que possivelmente podem conduzir a disfunção glandular e afetar a homeostase oral.