ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTILEISHMANIA DE Dysphania ambrosioides (L.) Mosyankin & Clemants
Dysphania ambrosioides; Leishmania, Flavonóides; Terpenos.
A Dysphania ambrosioides (mastruz) é amplamente utilizada na medicina tradicional como cicatrizante, anti-inflamatório e antiparasitário. Desta forma, o presente estudo avaliou os aspectos fitoquímicos e o potencial antileishmania de D. ambrosioides. Os extratos das folhas e galhos (EEFo e EEGa) foram obtidos através de maceração com etanol. Estes foram submetidos a fracionamento sob refluxo utilizando solventes de polaridade crescente, obtendo-se as frações hexano (FHFo e FHGa), diclorometano (FDFo e FDGa), acetato de etila (FAEFo e FAEGA) e metanol (FMeFo e FMeGa). Os extratos e frações, foram submetidos estudos químicos através de análises cromatográficas e espectrométricas (CCD, HPLC, FT-IR e RMN) e a estudos da atividade antileishmania frente a cepa promastigota de Leishmania amazonensis. Para os estudos in sílicos, selecionou-se na literatura os principais isolados da classe dos flavonóides e terpenos, estes foram submetidos a predições das características farmacocinéticas, toxicológicas e a docagem molecular em enzimas alvos de Leishmania. Nos estudos químicos foram detectados diferentes metabólitos secundários nos extratos e frações das folhas e galhos de D. ambrosioides, dentre estes os majoritários foram as classes de terpenos e flavonóides. Sendo a presença de flavonoides predominante nos extratos e nas frações de maior polaridade FAEFo, FAEGA, FMeFo e FMeGa. Já os terpenos encontram-se presentes em todos os extratos e frações. A espécie demostrou potencial antileishmania, os extratos foram classificados como moderadamente ativo EEGa (CI50= 189,2 µg/mL) e EEFo (CI50= 145,9 μg/mL), e o fracionamente contribuiu para melhoramento da atividade frente a formas promastigotas, sendo as frações mais promissoras a FDFo (CI50 = 88,3 μg/mL) e (FDGa CI50 = 97,6 μg/mL), que foram classificadas com ativo. Em relação às predições in sílico, os compostos da classe dos flavonoides foram os que mais violaram a regra de Lipinski, enquanto que terpenos não violaram esta regra, apresentando melhores características farmacocinéticas, como alta absorção intestinal, melhor distribuição e permeabilidade a BHE. Todas as moléculas apresentaram toxicidade, sendo o terpeno (23) o menos tóxico. Com base na regra de Lipinski e toxicidade as moléculas mais promissoras foram os flavonoides (4 e 6) e os terpenos (12, 20, 23 e 24). A docagem molecular demonstrou que tanto os terpenos como os flavonóides ligam-se às enzimas GP63 e TR em sítios semelhantes à molécula inibidora, demonstrando potencial para inibição dessas vias. Em síntese, a espécie D. ambrosioides mostrou-se promissora frente às formas promastigotas de L. amazonensis e com potencial para ligar-se a alvos específicos de Leishmania.