ESTUDOS QUÍMICOS E DE TOXICIDADE DE COPAIFERA RETICULATA DUCKE E PREDIÇÃO DE TOXICIDADE DE ANÁLOGOS DO ÁCIDO CAURENOICO
Copaifera reticulata; ácido caurenóico; toxicidade; topoisomerase 1; docking molecular.
O uso de plantas medicinais é uma prática comum a população, sendo a principal forma de tratamento de doenças em determinadas regiões. Dentre estas plantas, a copaíba é conhecida por propriedades medicinais do óleo. As atividades biológicas podem ser atribuídas a vários metabólitos, entre eles o ácido caurenóico (CA), que também apresenta potencial tóxico. O presente trabalho avaliou o potencial tóxico de extratos da folha e galho de Copaifera reticulata e do metabólito isolado. Foram obtidos extratos etanólicos das folhas (EEF) e galhos (EEG), que foram utilizados para extração sob refluxo e em seguida foram analisados por prospecção fitoquímica. O extrato hexano do galho (EHG) foi fracionado em coluna cromatográfica aberta, resultando no isolamento do ácido caurenóico. A atividade tóxica foi avaliada pelo ensaio de Artemia salina e Allium cepa. O ácido caurenóico e seus derivados foram submetidos a estudos de ADMETox e docking molecular. Triterpenos e esteróides foram detectados em todos os extratos, assim como polifenóis para os extratos de maior polaridade. Quanto à toxicidade, os extratos foram considerados atóxicos pelo ensaio de A. salina, com CC50 entre 1246 e 2125 µg/mL. No ensaio de A. cepa, o EEF e EEG não influenciaram no índice mitótico (IM). Entretanto, o ácido caurenóico diminuiu significativamente o IM e foi possível observar aberrações cromossômicas na concentração de 25 µg/mL, resultados compatíveis com o estudo de toxicidade in silico. Para entender este resultado, avaliou-se a capacidade de ligação do ácido caurenóico e derivados ao complexo topoisomerase I-DNA, demonstrando que o mesmo não se liga ao sítio ativo da proteína mas faz ligações diretamente com o DNA através da dupla presente no carbono 16. Assim, apesar da presença do ácido caurenóico, os extratos de C. reticulata não foram considerados tóxicos. O AC possui potencial citotóxico, porém requer alterações estruturais para evitar a atividade mutagênica relacionada a intercalação ao DNA.