TRAJETÓRIAS EDUCACIONAIS EM UMA COMUNIDADE NEGRA: origens da Escola Santo André no Rio Baixo Itacuruçá, Abaetetuba, Pará
História Institucional; Educação Escolar Quilombola; EMEIF Santo André; Rio Baixo Itacuruçá.
Esta tese trata da História de uma Instituição Escolar Quilombola, a EMEIF Santo André, localizada na Comunidade Quilombola Rio Baixo Itacuruçá, Abaetetuba, Pará. A escola iniciou suas atividades em 1925 em um barracão improvisado, processo comum na Amazônia,em especial na região ribeirinha, atendendo “a necessidade de escola para a comunidade e naquela época teve seu funcionamento primeiramente numa casa de família” (PPP, 2020, p. 11). Nesta tese considero a premissa que entende “a história como uma teia indivisível, de onde se interconectam todas as atividades humanas.” (HOBSBAWM, 2009, p. 475). Assim busco responder a seguinte problemática: Como se deu o processo de institucionalização da escola Santo André na Comunidade Quilombola Baixo Rio Itacuruçá (Abaetetuba, Pará)? Tendo como objetivo: analisar o processo de criação e estruturação da escola Santo André na Comunidade Rio Baixo Itacuruçá. Com isso, procuro: compreender o contexto social, político e cultural na época de criação da escola; identificar os protagonistas do processo de sua criação/estruturação; relacionar a luta dos moradores da comunidade e da ARQUIA(Associação dos Remanescentes de Quilombos das Ilhas de Abaetetuba) na institucionalização da EMEIF Santo André; averiguar como sua existência proporcionou mudanças no cotidiano da comunidade. Para tal, optamos pelo uso da metodologia da História Oral (HO), de acordo com Alberti (1996), para quem a opção pela HO implica no estabelecimento indissociável entre história e memória; utilizamos ainda, as ideias de Portelli (1997) sobre a memória como individual, mas também, algo social e dinâmico. Diante disso, propus a coleta dos relatos orais de sujeitos sociais atuantes na educação básica pública local, e outros membros da comunidade. Para a análise dos relatos orais e dos documentos encontradas na SEMEC (Secretaria Municipal de Educação) de Abaetetuba, tais como, atas, minutas,decretos, ofícios relacionados à escola), nas Associações Quilombolas e na EMEIF Santo André, nos referenciamos nas premissas de: Saviani (2016) e Duarte (2007) quanto às mudanças na legislação educacional; Arroyo (2011a; 2011b; 2014; 2015a) em referência à construção curricular vinculada às lutas dos movimentos sociais e acerca da luta dos negros no campo educacional, em: Gomes & Silva (2002); Munanga (2000); Gonçalves & Silva (2000); Arroyo (2015b); Silva (2015); Gomes (2002; 2017); Morais (2016); Cruz (2016); Schueler (2016); Alberti & Pereira (2007); Romão et al (2005); Ilva (2015), entre outros. Sobre as mudanças na vida da Comunidade a partir da implantação da escola, nos baseamos nos preceitos de Certeau (1994), acerca do cotidiano; também de Pojo (2017; 2018), acerca do cotidiano desta comunidade quilombola. A pesquisa demonstra um histórico de luta associativa pela implantação da escola alicerçada em uma pluralidade de forças sociais que deram/dão vida a este espaço escolar quilombola.