ESTADO, IGREJA E SOCIEDADE EM TEMPOS DE DITADURA: O Instituto de Pastoral Regional na Formação de Lideranças na Amazônia (1973-1985).
Formação de Lideranças – Instituições Educativas – Amazônia.
Este estudo se insere no campo da História da Educação, tendo como tema a História das Instituições Educativas e como objeto de pesquisa a atuação político-educativa do Instituto de Pastoral Regional (IPAR) na formação de lideranças na Amazônia durante os anos de 1973 a 1985. Nesse sentido, partimos da interação entre o Estado, a Igreja Católica e a Sociedade, ressaltando a influência do contexto político-econômico e eclesial das décadas de 1970 e 1980. Consideramos o IPAR como uma instituição educativa (Magalhães, 1999) e adotando a perspectiva da teoria gramsciana (Gramsci, 1978) inferimos que o instituto atuava como um Aparelho Privado de Hegemonia e como lócus da atuação de intelectuais orgânicos na região. Integramos a perspectiva gramsciana, as contribuições teóricas de Hobsbawm (1998), Thompson (1981) e Saviani (2007), resultando em uma abordagem centrada na totalidade, que considera as interações entre diversas esferas sociais, políticas, econômicas e culturais. Para consecução desta pesquisa, realizamos um levantamento de fontes documentais em plataformas digitais, no arquivo da CNBB e nos arquivos das dioceses e prelazias do Pará. Além disso, no âmbito da História Oral, realizamos entrevistas com professores e alunos que vivenciaram o contexto estabelecido neste estudo, buscando assim agregar perspectivas e experiências diretamente ligadas à trajetória do IPAR. Durante a ditadura militar, o IPAR estabeleceu-se como um enclave político-educativo na Amazônia, entre 1973 e 1985, seguindo as diretrizes do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), da Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Medellín (1968) e do Encontro Inter-regional dos Bispos da Amazônia em Santarém (1972). Na interseção da teologia e da pedagogia, o IPAR promoveu uma narrativa contra hegemônica, sendo um agente de resistência e transformação social na região amazônica durante a ditadura no Brasil.