EDUCAÇÃO BIOGRAFEMÁTICA: INFÂNCIA E ARTE MENOR EM PAUL KLEE
Arte menor. Blocos de infância. Biografema. Paul Klee. Educação Biografemática.
A tese se movimenta nos blocos de infância experimentados em Paul Klee, entre seus diários e obras, no ensejo de fabular uma arte menor no encontro com a criação de biografemas, para assim experimentar uma educação biografemática enquanto criadora de afetos e acolhedora de desejos na educação. O biografema, conceito cunhado por Barthes, apresenta uma sobrevida aos sentidos ainda não explorados de uma vida-obra, em nosso caso, mergulhamos nesse conceito em busca de criar novos rumos à vida-obra de Paul Klee, por uma arte menor que se expressa por uma enunciação coletiva experimentada nas transgressões, sensações, desejos e deleites da obra em tela, sem um modelo de representação, imitação e totalização, ou seja, a arte menor, ao produzir biografemas, agencia as sensações e intensidades ainda veladas no interior dos biografólogos – quem escreve biografemas – sentidos profundos que vieram à superfície pelos afetos singulares experimentados em Klee por um tempo perdido. O método biografemático, desenvolvida por Corazza (2010b, 2014), a partir do roubo do conceito de biografema de Roland Barthes, em outras palavras, trata-se de um método que coloca a noção de biografia a ganhar uma nova escritura, para assim criar uma escrita livre dos ressentimentos do passado, dando-a novos sentidos. No método biografemático, nos debruçamos pelos diários de Klee (1990) e suas obras de arte, os quais experimentamos em oficinas na Educação Básica e no Ensino Superior, no município de Mocajuba e Cametá, no Pará. As oficinas nos apresentaram signos potentes no encontro com a vida, uma vida desdobrada em biografemas embebidos em um ensinar e aprender que transbordam a escola e seu entorno. Em via de articulação teoria e prática estabelecemos conversações com Klee (1990, 2019, 2001), Deleuze e Guattari (2010; 2011; 2015; 2015), Barthes (1978; 2004; 2005. 2017), entre outros, a compor uma educação biografemática no rumor dos afetos, sensações, acolhimento, intensidades e nas potências de uma arte menor na educação. Em suma, as linhas de escrita desta tese versaram pistas a uma educação biografemática no seu encontro com a arte menor como potência de vida-obra em Klee, pela qual criamos biografemas e biofragmentos singulares que vazaram signos à educação, ora escancarando uma dor, ora transbordando um afeto tenro de infância, signos criados no seio da escola que despertaram afetos singulares, estes que precisam ser acolhidos no solo escolar, para assim tocar o interior do outro, no rumor de um ensinar-aprender entre blocos de infância e sensações criadas na vida pelo doce viver da educação.