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Banca de QUALIFICAÇÃO: ELEAZAR VENANCIO CARRIAS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ELEAZAR VENANCIO CARRIAS
DATA: 16/02/2023
HORA: 15:00
LOCAL: Sala de Defesa do PGEDA - Polo Belém (NEB/UFPA)
TÍTULO:

CORPO ERÓTICO E EDUCAÇÃO SENSÍVEL: CARTOGRAFIAS LITERÁRIAS COM HILDA HILST.


PALAVRAS-CHAVES:

Corpo erótico. Educação sensível. Hilda Hilst. Cartografia literária.


PÁGINAS: 70
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Educação
SUBÁREA: Tópicos Específicos de Educação
RESUMO:

Esta pesquisa de doutoramento parte do seguinte problema: Como mapear as conexões geológicas da escrita erótica de Hilda Hilst, no plano das alianças entre literatura e educação? Como conectar o erotismo hilstiano com a Terra e, consequentemente, provocar a erupção das potências criadoras de uma sensibilidade-outra na educação? Que linhas de força e de fuga atravessam o Corpo Erótico hilstiano? Que potências educativas emergem da experiência poética com Hilda Hilst, tendo como plano comum as conexões entre o Corpo Erótico e uma educação sensível? Que transgressões o método hilstiano de escrita é capaz de provocar à pesquisa em educação? Mais do que por objetivos, a ideia da tese se movimenta por desejo. Um desejo múltiplo, provisório, a repetir e martelar as questões-convite já colocadas, e que pode ser resumido no seguinte bloco: a experimentação de uma educação sensível como acontecimento provocado pelas erupções do Corpo Erótico hilstiano e suas fricções com a Terra. Educação capaz de fazer delirar o corpo generificado, fazê-lo voltar-se contra si mesmo, de modo que, em seu devir, apareçam as pulsações de um corpo desterritorializado, erótico, criativo, conectado com o devir-mulher, o devir-animal, o devir-mineral etc. Educação que se realiza nas linhas de fuga à subjetivação, e maquina a escritura de um corpo erótico, político, em enunciação coletiva com a literatura hilstiana. Em seu caminho teórico-metodológico, a pesquisa se tece com a filosofia da diferença de Gilles Deleuze e Félix Guattari, enquanto forma de pensar que escapa à representação, que visa à experimentação e à criação de uma escrita outra, e que, em vez de estudar objetos, acompanha processos, a ensaiar assim uma "cartografia literária" (COSTA, 2022b) que implica percorrer a obra de Hilda Hilst como livro-rizoma ou obra aberta, ao encontro da diferença que modifica o pensar e verte as linhas de escrita em linhas de vida. “A cartografia literária opera um duplo movimento de desterritorialização na pesquisa em educação: da palavra de ordem academicista e da palavra literária como fonte de interpretação de conhecimentos” (COSTA, 2022b). Aqui, tal cartografia se faz contaminada pelo “método hilstiano, cujo resultado é um esvaziamento de sentido que nada poupa, nem a própria língua de que a autora faz exuberante uso” (MORAES, 2020). Faz-se, ainda, sob o reverberar das angústias e incertezas que atravessam a escritura da própria Hilda, vivenciada, ao mesmo tempo, como necessidade e fuga, como movimento simultâneo de contração e abertura do corpo: “Escrever. Tenho de escrever. Não tenho de escrever” (HILST, manuscrito). Nesse sentido, a pesquisa não busca respostas, ela as cria, pois se faz no ato mesmo da escrita. Não se escreve sobre, se escreve com Hilda Hilst, destacando-se, como recorte de pesquisa, as obras A obscena senhora D e a “trilogia obscena” composta por O caderno rosa de Lori Lamby, Contos d’escárnio – textos grotescos, e Cartas de um sedutor, que serão lidas sob a luz das contribuições teóricas de autores como Bataille, Rancière, Eliane Robert Moraes e Alcir Pécora – estes últimos, intérpretes reconhecidos da obra hilstiana. Em síntese, a cartografia literária ao modo hilstiano tensiona as oposições entre literatura, ciência e filosofia e, “em contrapartida, cria ‘zonas de vizinhança’” entre áreas múltiplas e transversais, por meio de uma escritura híbrida em relação aos gêneros literários, desobediente à gramática, fragmentária, rizomática, de linguagem obscena, provocativa e sensível. A ideia-força da tese é a de que a literatura hilstiana pode provocar encontros inesperados, conexões múltiplas com a Terra e seus habitantes, fissuras, rupturas e continuidades e rupturas outras, e também espanto, delírio, tremores, gozo, visões do invisível, febre, vômito, alívio – e saúde. A literatura como território de partilha do sensível (RANCIÈRE, 2009) e, portanto, como arte saudável à educação. Até agora, observou-se que o Corpo Erótico hilstiano se evidencia menos pelas nomenclaturas “erótico”, “obsceno” etc. e mais pela potência do sensível na escrita. Tanto mais em aliança com a literatura, tanto mais potente é a educação; mais saudável e mais capaz de produzir a saúde do povo que falta. Uma transa entre a literatura e a educação. A literatura seduz a educação e lhe faz um filho por trás – como diria Deleuze (2013) –, enquanto lhe devora o corpo generificado, subjetivado. Desse coito não autorizado, obsceno e antropofágico, nasce o Corpo Erótico, bloco de sensações a insurgir das erupções do corpo – fissuras eróticas que liberam a potência de uma educação sensível.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2298298 - GILCILENE DIAS DA COSTA
Interno - 2299112 - JOSE VALDINEI ALBUQUERQUE MIRANDA
Interno - 200.773.272-68 - JOSE VICENTE DE SOUZA AGUIAR - UEA
Externo à Instituição - ALINE LEAL FERNANDES BARBOSA
Externo à Instituição - GEORGIA CRISTINA AMITRANO
Notícia cadastrada em: 24/01/2023 11:57
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