“Endoeducação” de mulheres quilombolas: atravessamentos de saberes. Práticas sociais e pedagógica da ruralidade das trabalhadoras artesãs do quilombo Genipaúba no município de Abaetetuba-PA
Saberes e práticas sociais; Trabalhadoras Quilombolas; Comunidades Quilombolas; Endoeducação de Trabalhadoras Quilombolas.
A investigação em andamento apresenta como objeto de estudo a relação entre os saberes das trabalhadoras rurais e a ‘educação da vida’ tal como elas ocorrem na Comunidade Quilombola “Sagrado Coração de Jesus” no rio Genipauba, buscando os aspectos que revelam os saberes das trabalhadoras rural na educação e da educação nas trabalhadoras rural. A escolha pelas trabalhadoras quilombolas se deve ao fato que, observer nas comunidades quilombolas, um protagonismo e pertencimento das mulheres que tem sido ignorado. Nas comunidades quilombolas que estive, a mulher quilombola - cultiva a roca, trabalha na casa de farinha, na pesca com matapi, trabalha no manejo do açaí, cuidada da casa (toda a atividade), acompanha as atividades da escola e integra os movimentos sociais de luta e resistência de vida, do território, mas não é percebida como protagonista, uma escolha que se deve pela forma como essas mulheres movimentam-se na comunidade, suas relações com os saberes produzidos na comunidade, a preservação da ancestralidade, do território, o cuidado e cultivo das relações comunitárias - o trabalho é sua luta e resistência, os enfrentamentos diários na luta contra tudo que ameaçam os territórios e as formas de viver e estar no mundo. Por isso investigo se os saberes das trabalhadoras rurais da Comunidade Quilombola do rio Genipauba, dinamizam processos educativos de partilha, de produção social de subsistência, buscando as relações entre ruralidade/trabalho, educação e práticas sociais que possibilitem um movimento de resistência e manutenção da sociabilidade rural frente a rotina de trabalho no padrão capitalista. Dai a importância das ideias de Gramsci (1988) quanto a hegemonia e contra-hegemonia, visto que, tanto o Estado, quanto a sociedade civil estão perpassados pela luta de classes. Concepção gramsciana da atividade humana nos permite refletir que todo homem e mulher, ao assumir sua condição de intelectual, logo, de “filósofo” é potencialmente capaz de organizar a revolução. Outro conceito importante neste estudo é o de experiência que Thompson (1987), elabora possibilitando compreender e analisar os saberes das trabalhadoras rurais. O de Brandão (2002) ao afirmar o processo de endoeducação, em que aprender é participar de vivências culturais em que, ao participar de tais eventos fundadores, cada um de nós se reinventa a si mesmos. Os estudos utilizados como aporte teórico nesta investigação, tratam de discussões que envolvem, território, ruralidade, organização social das/os trabalhadoras/es nas comunidades, das disputas produzidas no seu interior, das relações do capital trazidas por meio do agronegócio, pelas relações comerciais e produtivas. Os escritos de Caria (2014) permitiram assenta esse estudo, epistemologicamente no materialismo histórico articulado com elementos da etnografia para depreendermos a dinâmica social no plano das interações e do senso comum, no qual cotidianamente se produzem experiências coletivas. Franzoi, Naira L. & Fischer, Maria C. B.(2015) abriu caminhos metodológicos para estudar saberes-trabalho-educação, fazendo uso de elementos do enfoque etnográfico, com elementos da cartografia social, que segundo Oliveira(2013) possibilita a construção de um mapa de saberes das trabalhadoras rurais da comunidade quilombola do rio Genipauba, e permite análise da historicidade, das contradições presentes nas relações produtivas, entre os saberes sociais, reapropriação do saber pelas trabalhadoras e a lógica do capital por meio dos áreas portuárias e dos processos produtivos do agronegócio organizado pela dendeicultura na Amazônia/Tocantina/Paraense.