ASPIRAÇÃO FOLICULAR VIDEOLAPAROSCÓPICA EM BEZERRAS BUBALINAS ESTIMULADAS COM eCG
LOPU, bezerras, búfalo
Esta tese foi dividida em dois momentos. No primeiro (Experimento 1) buscou-se estudar a técnica de aspiração folicular ovariana videolaparoscópica (LOPU) em bezerras bubalinas, descrevendo em detalhes suas particularidades, intercorrências e resultado da aspiração oocitária. Foram utilizadas seis bezerras Murrah lactantes com idade entre 3 e 5 meses, criadas à pasto em regime de ordenha com bezerro ao pé. Realizou-se três LOPUs em cada animal, com intervalos de 15 dias entre as cirurgias, totalizando 18 procedimentos. Após serem sedadas, as bezerras foram colocadas em posição de Trendelemburg a 45°. Dois trocáteres de 10 mm e um de 5mm foram utilizados para estabelecimento dos três portais laparoscópicos. A insuflação do abdômen foi realizada com CO2 em velocidade de 5L/min estabilizando pressão intra-abdominal entre 5-8 mmHg. Para a manipulação ovariana foi utilizada duas pinças atraumáticas (5 mm e 10mm) e para a aspiração, agulha 20G via transabdominal ligada a um sistema de vácuo calibrado para 50 mmHg. Os oócitos foram recuperados em um tubo de 50 mL contendo solução fisiológica a concentração de 1 % de soro fetal bovino e 10 UI/mL de Heparina, mantido a 38ºC e então foram selecionados e classificados, ainda na fazenda, de acordo com as células do cumulus e o aspecto homogêneo do citoplasma. Para análise estatística foi utilizado o Software GraphPad Prism 9®. Os dados foram apresentados em média ± desvio padrão (DP) no experimento 1 e em média ± erro padrão da média (EPM) no experimento 2. A distribuição normal dos dados foi testada através do teste de Kolmogorov-Smirnov no primeiro experimento e teste de Shapiro-Wilk no segundo, em seguida foram submetidos a análise de variância (ANOVA) e teste post-hoc de Tukey. O tempo médio de cirurgia completa da anestesia até a remoção do animal da maca foi de 49,8 ± 10,1 min, e o passo que mais ocupou o tempo foi a manipulação e aspiração folicular de ambos os ovários (20,6 ± 9,7 min) (p≤0,05), havendo 22,2 % de casos de insuflação pré-peritoneal. O número total de folículos aspirados, oócitos recuperados e oócitos viáveis foram de 126, 76 e 31, respectivamente. Os mesmos parâmetros por procedimento foram de 7,17 ± 7,17; 4,22 ± 7,1 e 1,72 ± 4,2; respectivamente. A taxa de recuperação foi de 60,3%. No segundo experimento foi estudado a utilização da gonadotrofina coriônica equina (eCG) em diferentes concentrações na estimulação ovariana em bezerras bubalinas pré-LOPU. Para isso, foram utilizadas 20 bezerras Murrah lactantes com idade e manejo semelhantes à do primeiro experimento. Foi aplicado um delineamento em quadrado latino 3 x 3, com as LOPUs sendo realizadas a cada 15 dias. Todos os animais receberam no dia 0 (D0) um dispositivo de progesterona P4 (Primer Pr® - 0,36g; Agener, Brasil), no dia 3 (D3) foi administrado eCG conforme os grupos experimentais, 500 UI de eCG (Ecegon® - Biogénesis Bagó/Brasil) (Grupo 500), 1000 UI de eCG (grupo 1000) ou não receberam gonadotrofina (Grupo controle), no dia 5 (D5) foi realizada a LOPU em todos os animais. O procedimento de LOPU seguiu conforme a técnica descrita no experimento 1, com os oócitos enviados ao laboratório para procedimento de ativação partenogenética. As variáveis dependentes foram apresentadas como média e erro padrão da média (média ± EPM) sendo considerado o nível de significância de 5%. Neste experimento foram aspirados 430 folículos, recuperados 248 oócitos dos quais 73 foram classificados como viáveis. Observou-se que a utilização do eCG aumentou a quantidade de folículos médios (6 – 10mm) e grandes (>10mm) (Médios: Controle = 5,19%; G500 = 38,36% e G1000 = 25,69% e Grandes: Controle = 3,90%; G500 = 13,70% e G1000 = 25). Não houve influência do eCG na quantidade de folículos aspirados (Controle = 9,00 ± 1,40; G500 = 5,00 ± 0,67 e G1000 = 10,65 ± 1,83; P=0,1744); recuperação oocitária (Controle = 6,94 ± 1,73; G500 = 2,70 ± 0,67 e G1000 = 5,33 ± 1,23; P = 0,0736) e taxa de recuperação (Controle = 59,14% ± 7,9; G500 = 61,69% ± 9,9 e G1000 = 55,30% ± 8,2; P = 0,8052). A dose de 1000UI de eCG influenciou significativamente na viabilidade oocitária por tratamento (Controle = 0,64 ± 0,2; G500 = 0,55 ± 0,2 e G1000 = 3,05 ± 0,6; P = 0,0086). Com os resultados obtidos, podemos observar que esta é uma técnica segura de ser realizada mesmo em ambiente de fazenda, apresentando excelente resposta pós-operatória, possibilitando ser realizada seguidas vezes, sem prejuízos para a fêmea e que a aplicação do eCG antes da LOPU, é uma alternativa econômica e disponível no mercado para estimular o desenvolvimento folicular de bezerras bubalinas, criando alternativas para o melhor aproveitamento do potencial ovariano de fêmeas e assim obter cada vez mais melhores resultados junto a PIVE.