DISPOSITIVO MULTI PORT PARA ACESSO ABDOMINAL PARA INTERVENÇÕES VIDEOCIRÚRGICAS EM EQUINOS CRIPTORQUIDAS
multiport, criptorquidismo, equinos, vídeocirurgia.
O criptorquidismo se trata de uma afecção limitada ao sexo, comum em equinos, na qual ocorre uma falha na descida normal de um ou ambos os testículos a para a bolsa escrotal dos animais. Seu diagnóstico é baseado no histórico, inspeção e ultrassonografia. O tratamento indicado é o cirúrgico por meio da criptorquidectomia. Entre das abordagens cirúrgicas, a considerada mais segura é a realizada por meio de vídeocirurgia, procedimento esse considerado minimamente invasivo, o qual consiste na introdução de trocáters através de pequenas incisões na parede abdominal, por onde é introduzido o laparoscópio e as imagens são projetadas em um monitor de vídeo, tendo espaço entre as vísceras gerado após e estabelecimento do peneumoperitônio usando um insuflador de de CO2. A técnica pode ser realizada com o equino em posição quadrupedal, permitindo a visualização da cavidade abdominal e seus órgãos, porém apesar de ser amplamente utilizada em criptorquidectomia, possui algumas complicações como o risco de perfuração de vísceras, dificuldades para remoção de estruturas muito grandes e descolamento de peritônio. Logo devido a essas desordens, novas possibilidades de acesso vêm sendo pensadas, como os multiportais, que são estruturas que possuem mais de um acesso para instrumentos cirúrgicos ao mesmo tempo na cavidade abdominal. Para o presente estudo foi utilizado um multiport, que se trata de uma estrutura de polipropileno, revertido com uma luva cirúrgica de número 8,5 tendo como base de fixação interna uma sonda endotraqueal 2.5. Em uma primeira etapa a pesquisa foi realizada em cinco modelos cadavéricos utilizando bezerros de 30-50 kg, em terço final de gestação e na segunda parte o dispositivo foi testado em quatro equinos criptorquidas atendidos rotineiramente no hospital veterinário da UFPA. Nos modelos foram trabalhados com duas aberturas na fossa paralombar, uma de 1 cm para o trocater de 10 mm e outra de 5 cm para o dispositivo. Posteriormente foi introduzido pela cânula do trocater o laparoscópio seguido do estabelecimento do pneumoperitôneo de8 mmHg e velocidade de fluxo de 5 L/minuto, após essa etapa foi encaixado o dispositivo, o qual se mostrou eficiente nos modelos experimentais, o que permitiu que a pesquisa fosse para segunda etapa a ser feita em equinos criptorquidas, para os quais houveram os preparativos pré cirúrgicos convencionais, como o jejum de 12 a 24 horas, avaliação clínica do paciente, protocolo anestésico sendo realizada pré-anestesia com Acepromazina 1% na dose de 0,03 mg /kg e cloridrato de detomidina 1% na dose 0,02 mg/Kg, ambos por via intravenosa, e a manutenção foi feita com cloridrato de detomidina 1% na dose 0,02 mg/Kg associado ao Butorfanol na dose de 0.013 mg/kg diluídos em solução de ringer com lactato em infusão contínua. Foi feito bloqueio paravertebral e nos locais de incisões, de forma infiltrativa e subcutânea, com lidocaína a 2%. O transcirúrgico seguiu a mesma metodologia utilizada no feto, só que o procedimento foi realizado com o paciente em estação, tendo sido expostos os testículos, foi realizada suas remoções seguidas das reversões dos acessos utilizando os fios de sutura poliglicólico vicryl 2-0 / supramid - 0, com pontos contínuos simples e intradémicos, respectivamente. O tratamento pós cirúrgico foi feito com Fenilbutazona na dose de 4.4 mg/ kg SID, por via intravenosa, juntamente com administração de protetor gástrico por via oral, por cinco dias SID e com Pentabiótico, associação de Benzilpenicilina Benzatina, Procaína e Potássica, na dose de 12.000 UI/ kg e Diidroestreptomicina e Estreptomicina na dose 5 mg/ kg, SID, por via intramuscular, por cinco dias, o curativo da ferida realizado diariamente sendo feita limpeza com clorexidine seguida da aplicação tópica de spray cicatrizante. Os pacientes não apresentaram complicações pós cirúrgicas, os mesmos receberam alta do hospital veterinário em média 5 dias de internação. O estudo mostrou que os modelos cadavéricos utilizados na pesquisa foram eficientes nos testes realizados com o dispositivo, nos equinos criptorquidas atendidos, porém, por duas vezes o mesmo se rompeu devido seu revestimento frágil, logo se faz necessário verificar a utilização de um material mais resistente para próximos testes.