ASSOCIAÇÃO ENTRE A EXPOSIÇÃO À VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR E O TRANSPORTE ATIVO: RESULTADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR DE 2019
Violência escolar, Deslocamento ativo, Escolares, Saúde pública.
O envolvimento dos adolescentes em atividade física pode ser influenciado por diversos fatores ambientais, incluindo a exposição à violência. Compreender essas relações pode ajudar no desenvolvimento de estratégias direcionadas para promover ambientes seguros e mais saudáveis. Este estudo tem como objetivo examinar a associação entre a exposição à violência no ambiente escolar e a dependência do transporte ativo para a escola entre estudantes brasileiros. Foram utilizados dados de 158.309 estudantes, matriculados em 4.242 escolas públicas e privadas brasileiras, que participaram da edição de 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE 2019). O desfecho de deslocamento ativo para a ida e/ou volta da escola foi categorizado em dependentes (≥ 5 dias/semana) e não dependentes. Oito questões sobre violência no entorno da escola, presentes no questionário respondido pelo diretor, foram reduzidas a duas dimensões usando Análise de Correspondência Múltipla, seguida por uma análise de cluster para classificar os ambientes escolares em três categorias (baixo, moderado e alto). Modelos de Poisson ajustados para confundidores, utilizando o pacote ‘survey’, foram empregados para testar associações. A dependência do transporte ativo para a escola foi observada em 49,8% (IC 95%: 48,2 – 51,4) dos estudantes brasileiros, com menor prevalência na região Nordeste (46,6%; IC 95%: 44,5 – 48,8). Estudantes brasileiros expostos a maiores níveis de violência no ambiente escolar apresentaram maior prevalência de transporte ativo para a escola (RP = 1,29; IC 95%: 1,16 - 1,43; p < 0,001) em comparação com aqueles em áreas mais seguras. Esta associação ficou evidenciada nas regiões Norte e Nordeste, com a maior razão de prevalência entre os estudantes do Sul (RP = 1,44; IC 95%: 1,23 - 1,67; p < 0,001). Em conclusão, os resultados sugerem que, em contextos de vulnerabilidade social, o deslocamento ativo para a escola entre os jovens estudantes brasileiros pode ser uma necessidade mais do que uma escolha.