O EFEITO DE DOIS PROTOCOLOS DE HIIE NA MEMÓRIA DE TRABALHO E NA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE CRIANÇAS: Um ensaio randomizado e cruzado
Exercício, Cognição, Função Executiva
Introdução: Funções executivas referem-se a processos mentais complexos responsáveis pela autorregulação ou autogerenciamento, havendo na literatura um consenso de três principais funções executivas, controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva. O modelo de integração neuro visceral aborda como as estruturas neurais envolvidas na regulação cognitiva, afetiva e autonômica estão relacionadas entre si e as interações bidirecionais entre os sistemas nervoso autônomo e central podem ser mensuradas pela variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Além disso, há associações entre a atividade física (AF) e os componentes da VFC em crianças e adolescentes, assim como dos efeitos agudos de uma sessão de exercício para este mesmo público, havendo uma lacuna na dose resposta ideal para funções executivas. Objetivo :Investigar o efeito agudo de diferentes protocolos de Exercício intervalado de alta intensidade (HIIE) na memória de trabalho e variabilidade da frequência cardíaca de crianças. Metodologia: Este estudo é um ensaio randomizado e cruzado com a participação e análise de 23 crianças, com média de idade de 9 anos. Os Testes de Memória de Trabalho foram realizados antes e após 11 minutos do exercício. Os exercícios do HIIE Tabata foram realizados por 4 minutos, com 8 séries de 20 segundos de esforço máximo e 10 segundos de descanso passivo, já os exercícios do HIIE Progressivo eram feitos em 5 minutos com 5 séries de 20 segundos de esforço máximo seguido de 30, 40, 50, 60 e 20 segundos respectivamente de repouso passivo. Para comparações múltiplas foram usados ANOVA de duas vias com medidas repetidas e testes t pareados com correções de Bonferroni além de estatística por estimativa para tamanhos de efeito e intervalo de confiança. Resultados: Os resultados demonstraram diminuição no tempo de resposta no teste de memória de trabalho, na condição 3-back do teste após o protocolo progressivo (g= -0.418, CI: -0,96,-0,434 p= 0,00), não sendo encontrado resultados nas demais condições. Para a VFC após os protocolos de HIIE, foi possível observar que durante o teste para memória de trabalho HF aumentou após o protocolo progressivo g = 0.98, IC: 0,66,1,27; p=0,00 e após protocolo Tabata g = 0.61, IC: 0,33,0,88; p=0,00. O RMSSD aumentou somente após o protocolo progressivo g = 0.83, IC: 0,37,1,23; p=0,00, não sendo encontrado o mesmo após o HIIE Tabata g = 0.45, IC: -0,01,0,89; p=0,03. Conclusão: Uma sessão aguda de 5 minutos de HIIE com descanso progressivo são capazes de melhorar tempo de resposta em testes de memória de trabalho, além disso, foi possível perceber que a VFC reflete essa melhora nas funções executivas com diferença estatística após HIIE com descanso progressivo para a memória de trabalho. Essa intervenção de baixo custo e curta duração pode ser uma estratégia viável para melhorar estes parâmetros na memória de trabalho e na VFC.