"MUDANÇAS MORFOLÓGICAS EM PRAIAS DA COSTA LESTE DA ILHA DO MARAJÓ (ESTADO DO PARÁ, BRASIL)".
Morfodinâmica de praia, Estuário, Vulnerabilidade Costeira, Soure, Salvaterra.
A zona costeira é uma área de transição entre o mar e o continente, sendo um dos espaços geográficos mais vulneráveis aos fenômenos naturais e antrópicos que ocorrem no planeta. À vista disso, a avaliação de mudanças morfológicas e vulnerabilidade costeira à erosão é essencial, pois contribui para o planejamento de ações protetivas e mitigatórias de impactos ocorrentes no ambiente, seja ele natural ou antropizado. Dessa forma, o trabalho tem como objetivo verificar as mudanças morfológicas em praias da costa leste da Ilha de Marajó/PA frente aos níveis de vulnerabilidade à erosão. Para isso, foram realizadas duas campanhas de campo (set/2019 – período seco e fev/2020 – período chuvoso) nas praias da Barra Velha (município de Soure) e Praia Grande (município de Salvaterra). A metodologia consiste em: (1) levantamento do perfil topográfico de praias, amostragem de sedimento superficial; (2) aquisição de dados para o preenchimento de tabelas pré-definidas, referentes às características da orla/costa, visando a análise da vulnerabilidade e risco costeiro; (3) análise multitemporal da linha de costa por imagens do satélite Landsat, referente à 16 anos (2003-2019); (4) análise laboratorial para a separação granulométrica dos sedimentos coletados e; (5) processamento dos dados para: classificação granulométrica dos sedimentos, morfodinâmica de praia, seus parâmetros morfométricos, geração de mapas de vulnerabilidade e risco costeiro, e variação da linha de costa mediante o uso dos softwares SysGran, Grapher, Excel, Surfer e ArcGis, respectivamente. De acordo com os resultados obtidos, a praia da Barra Velha foi classificada como dissipativa nos dois períodos estudados, ou seja, caracterizada por baixa declividade, composta por areia fina, e bancos e calhas ao longo da praia. O balanço sedimentar variou de -30 a 48 m3/m ao comparar os dados da estação seca a chuvosa. A maioria dos perfis mostrou tendência erosiva da passagem do período seco para o chuvoso, com exceção dos perfis E e F, onde prevaleceu a deposição. A praia Grande apresentou comportamento de praias intermediárias a refletivas com declividades moderados a altos, tanto na estação seca quanto na chuvosa. Sendo a região central da praia com a maior declividade. A variação sedimentar na alternância da estação seca a chuvosa foi de -48 a 77 m3/m. A fase acrecional desta praia ocorreu durante o período chuvoso, com exceção dos perfis C e F, refletindo um padrão atípico para a morfodinâmica praial. A praia da Barra Velha exibiu uma vulnerabilidade à erosão moderada no setor noroeste e vulnerabilidade alta no setor sudeste. Os dois setores foram classificados com baixo grau de risco. A variação média da linha de costa foi de -93,14 metros de 2003 a 2019, sendo que nesta praia houve apenas recuo costeiro, indicando uma tendência mais erosiva da costa. A praia Grande apresentou grau de vulnerabilidade moderado à erosão e baixo risco nos dois setores estudados. Esta praia apresentou variação média da linha de costa (2003-2019) de -0,54 metros. Ou seja, bem menor que na praia de Barra Velha, confirmando a hipótese de que em virtude do baixo gradiente topográfico desta última, as variações de médio período na linha de costa são maiores, implicando numa vulnerabilidade erosiva moderada a alta mais prolongada. Já na praia Grande, as variações sedimentares são mais modificáveis sazonalmente, devido seu alto gradiente topográfico, implicando numa vulnerabilidade erosiva mais equilibrada.