ESTIMATIVA DE ESTOQUE DE CARBONO E FLUXO DE CO2 E CH4 NO
MANGUEZAL DA RESEX DE MOCAPAJUBA, PARÁ.
Manguezal. Estoque de Carbono. Fluxo de Gases de Efeito Estufa. Resex
Mocapajuba. São Caetano de Odivelas.
Os manguezais desempenham um papel vital como sumidouros de carbono nas zonas
úmidas costeiras tropicais e subtropicais. O Brasil possui uma das maiores áreas de
manguezais do planeta, destacando-se a Costa de Manguezais de Macromarés da Amazônia
como o maior cinturão contínuo desses ecossistemas no mundo, onde foi realizado este
estudo. Buscou-se estimar o estoque de carbono (C) na biomassa e no sedimento, e os fluxos
de dióxido de carbono (FCO2) e de metano (FCH4) na interface solo-atmosfera, e
compreender a relação desses valores com os fatores físico-químicos do solo e da água
(granulometria, salinidade, pH, Eh, entre outros) que se alteram pela variação espacial ao
longo do estuário, juntamente com a estrutura e composição da vegetação. As coletas e
medições ocorreram em três pontos ao longo do Estuário do Rio Mujuim, em São Caetano de
Odivelas, localizado no Nordeste do Estado do Pará (Brasil): Ilha do Marinheiro, na foz do rio
Mujuim (P1); no furo do Aracuteua, na Ilha de São Miguel (P2) e a montante do rio Mojuim,
15 km distante da foz (P3). A análise dos dados físico-químicos do solo e da água mostraram
certa homogeneidade, mas suas variações espaciais influenciaram os valores de fluxo de CO2
e CH4 e de estoque de C. O estoque total de C no ecossistema (estoque de C na biomassa
mais estoque de C no sedimento até 100 cm) variou de 325,53 a 460,56 MgC/ha, e notou-se
forte correlação do estoque de C no sedimento com silte, indicando que a permeabilidade do
solo é fator importante para a manutenção do C no sedimento, confirmando a hipótese de que
fatores físico-químicos afetam o estoque de C no sedimento de forma significativa. O FCO2
médio variou de 2,122 g CO2 m-2 d-1 a 9,323 g CO2 m-2 d-1 e o FCH4 de -0,330 mg CH4
m-2 d-1 a 82,874 mg CH4 m-2 d-1, os fluxos não apresentaram diferença significativa ao
longo das horas de medição, mas apresentaram diferença significativa espacialmente.
Identificou-se que é importante estimar o estoque de carbono e o fluxo de gases de forma
abrangente, em uma malha amostral que abranja diferentes pontos do manguezal, para evitar
estimativas imprecisas devido à variação espacial dos fatores físico-químicos, e que prever o
estoque de C no sedimento com base valores de estoque de C na biomassa é questionável. De
acordo com nosso estudo, o estoque de C no sedimento não influencia o fluxo de gases na
interface solo-atmosfera, contudo a estrutura e composição das florestas de mangue podem
influenciar no fluxo de FCO2 e FCH4.