NINHOS AZUIS: O USO DE MATERIAIS PLÁSTICOS NA
CONSTRUÇÃO DE NINHOS DO JAPÓ (PSAROCOLIUS DECUMANUS) NA COSTA
AMAZÔNICA, BRASIL.
Nidificação; Aves; Amazônia; Detritos antropogênicos.
Os plásticos configuram cerca de 80% de todo resíduo sólido marinho. Trabalhos
sobre a ocorrência de plástico no meio ambiente são imprescindíveis devido à diversidade de
efeitos desses poluentes sobre a biota. Os impactos da interação entre a fauna e os detritos
plásticos é difícil de ser estimada, entretanto, tais efeitos devem ser devem ser identificados e
quantificados para direcionar o gerenciamento ecológico e embasar as políticas públicas de
gestão ambiental. As aves são particularmente suscetíveis à poluição por lixo plástico.
Atualmente, as linhagens de aves marinhas consomem mais de 50% de resíduos plásticos,
antevendo-se que até 2050 haja um aumento para até 99% dos espécimes que ingerem detritos
plásticos. Estas aves estão sofrendo diversos distúrbios resultantes da ingestão de plástico,
impactando na sua alimentação, reprodução e crescimento. As aves têm utilizado cada vez
mais macro- e mesoplásticos na confecção dos seus ninhos, este fenômeno pode trazer
diversas consequências ao organismo e sua prole, pois os detritos plásticos além de poderem
causar o emaranhamento e serem ingeridos pelos indivíduos, também podem liberar poluentes
químicos orgânicos presentes em sua composição ou adsorvidos do ambiente, que podem
resultar em carcinogênese e disfunção endócrina. O uso de materiais sintéticos em ninhos de
aves pode ser considerado um bioindicador de poluição no ambiente. A espécie Psarocolius
decumanus é onívora, e vive solitária ou em pequenos grupos. Possui distribuição pelo Sul da
América Central e América do Sul, exceto Chile e Uruguai. No Brasil, esta espécie ocorre em
diversas regiões, encontra-se principalmente em florestas úmidas, florestas secas, clareiras e
áreas agrícolas com árvores altas espalhadas. A reprodução do P. decumanus tem início em
outubro, e na época de procriação, as arvores utilizadas em reproduções anteriores costumam
ser reutilizadas. Diversas espécies de angiospermas e gimnospermas são utilizadas pelo Japó
na época da nidificação, que dura em média 2 a 3 semanas. Os ninhos possuem forma de
sacos e são construídos com diversas fibras vegetais, folhas secas, raízes de orquídeas, e
recentemente também foi encontrado em sua construção materiais antropogênico, como fibras
sintéticas. Este estudo tem como objetivo principal realizar, pela primeira vez, uma análise da
abundância e composição dos detritos plásticos presentes na estrutura dos ninhos do Japó
(Psarocolius decumanus), processo ainda não descrito na literatura científica. Diferentes áreas
da zona costeira paraense serão amostradas, e os ninhos coletados terão a quantidade de
plástico quantificada, também será verificado se há diferenças significativas entre os sítios de
coleta.