Avaliação de biomarcadores bioquímicos no gastrópode Thaisella coronata em exposição aguda ao anti-incrustante TBT.
Tributilestanho (TBT); Sediment trap; Estresse oxidativo
O desenvolvimento de atividades nas regiões costeiras acarreta diversos impactos para os ecossistemas aquáticos. No que tange a navegação, é frequente o uso das tintas anti-incrustantes. A finalidade destas tintas é inibir a colonização de organismos marinhos na superfície de estruturas submersas e semi-submersas de barcos e navios, processo este denominado bioincrustação. Durante muitos anos foram utilizadas tintas à base de compostos organoestânicos (COEs), sendo os mais comuns o tributilestanho (TBT) e o trifenilestanho (TPT). Devido à sua elevada toxicidade ambiental, estas tintas foram banidas pela Organização Marítima Internacional no ano de 2003. Contudo, é necessário estudos acerca desse composto, uma vez que, apesar de banido, é sabido que estes compostos ainda estão presentes no ambiente, devido a sua alta afinidade por partículas e forte ligação aos sedimentos. Além disso, sob determinadas condições hidrodinâmicas, o contaminante pode ser liberado do sedimento para a água ou acumulado na cadeia alimentar. O TBT é um composto de estanho que se apresenta na forma geralmente de um cloreto ou hidróxido (TBT-Cl, TBT-OH). Possui caráter hidrofóbico, portanto detém baixa solubilidade em água, o que pode ser verificado por altos valores de Kow, sendo esses valores dependentes do pH, ou seja, quanto maior o pH maior o Kow, menor a solubilidade em água e maior a afinidade por matéria orgânica e sedimentos, sendo o seu tempo de meia vida na água de 100 a 800 dias, enquanto que no sedimento pode levar anos para degradar. O objetivo deste estudo é avaliar o papel do estresse oxidativo na toxicidade induzida pelo TBT no gastrópode Thaisella coronata expostos em diferentes concentrações. Este trabalho dará origem a dois capítulos, o capítulo 1 terá como objetivo quantificar a presença do TBT no sedimento em suspensão por meio da técnica “Sediment Trap”. As coletas serão feitas em três pontos distintos: Ponto 1, área de referência; Ponto 2, em uma área de proteção ambiental onde se espera que não exista contaminação por TBT; Ponto 3, em uma região que tenha grande fluxo de embarcações e espera-se que exista a contaminação pelo composto. Fundamentado nos resultados obtidos, serão definidas as concentrações do contaminante para a exposição de T. coronata em laboratório, os quais constituirão o Capítulo 2. Os indivíduos serão coletados na Ilha de Algodoal/Maiandeua e encaminhados para o laboratório para que sejam aclimatados por 30 dias. Após a aclimatação, os animais serão expostos ao contaminante em três concentrações diferentes, que serão definidas com base nos resultados obtidos no capítulo 1. Posteriormente, os animais serão dissecados, obtendo amostras de gônada, trato digestivo e brânquias para então serem feitas as análises dos biomarcadores bioquímicos, os quais, inicialmente: GST, ACAP, LPO (TBARS/FOX). Espera-se que os resultados obtidos neste trabalho possam contribuir para ressaltar que ainda há a presença de TBT em pontos específicos da Região Amazônica e verificar em quais concentrações os organismos apresentam maior índice de estresse oxidativo.