“Ecologia populacional do caranguejo Uca mordax (Crustacea: Decapoda: Ocypodidae) em uma área de várzea fluviomarinha da Amazônia”
Uca mordax, várzea, fecundidade, dinâmica populacional, plasticidade fenotípica.
A planície de inundação ou várzea é a região marginal de um rio, que está sujeita a inundações periódicas, promovendo modificações cíclicas de característica biótica e abiótica. Os crustáceos da ordem Decapoda, como os caranguejos braquiúros colonizam diversos habitats: desde poças de maré e ambientes semi-terrestres até áreas de maior salinidade. Na Bacia de Marajó, a espécie Uca mordax, tipicamente eurialina, pode ocorrer restrita à margem de rios dominada por florestas de restinga contíguas a sistemas estuarinos, como as aningas, onde a forte influência de águas continentais torna a salinidade praticamente nula. Os caranguejos estão entre os animais mais abundantes da macrofauna bentônica de estuários e manguezais, desempenhando um importante papel ecológico: são um importante elo entre níveis da cadeia trófica aquática e manutenção de ecossistemas, através da degradação da matéria orgânica e servindo de presas para muitas espécies de peixes, e como importante recurso alimentar para o homem. Algumas espécies de caranguejos agem como bioturbadores, consumidores de folhas e sedimentos, predadores de propágulos. Este trabalho visa avaliar a espécie Uca mordax associado a várzea, através do estudo de fecundidade e ciclo reprodutivo, auxiliando no entendimento da dinâmica populacional desses caranguejos a margens do campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) nas imediações da sede do Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema), onde já foi verificada a ocorrência de caranguejos estuarinos. A caracterização da dinâmica populacional será feita através da avaliação do tamanho corpóreo de machos e fêmeas, a distribuição de frequência em classes de tamanho, a proporção sexual, o período reprodutivo, o recrutamento e a fecundidade (estágio e número de ovos por fêmea), ao longo de um ano. As amostragens dos exemplares de Uca mordax foram realizadas, mensalmente, no período de dezembro de 2013 a novembro de 2014, por meio da técnica de amostragem por esforço de captura (1 pessoa/30 minutos), no período de maré baixa. Variáveis ambientais foram mensuradas com uma sonda multiparâmetro e um refratômetro. Até então, a análise dos dados nos permiti inferir que há desvios de proporção sexual a favor dos machos, tal situação pode ser justificada pela taxa de crescimento mais lenta das fêmeas, uma vez que seu recurso energético é destinado a reprodução; a disponibilidade de recursos no habitat; e as variações climáticas. Como ainda há exemplares a serem avaliados, futuramente espera-se ter mais informações a cerca da ecologia populacional do caranguejo Uca mordax