SÃO DIAS DE ALEGRIA E MUITA FÉ
Processos criativos de um figurinista-carnavalesco no Auto do Círio de Belém/PA.
Figurino Carnavalesco. Etnocenologia. Auto do Círio. Processo Criativo. Corpo.
A presente pesquisa reflete sobre três processos criativos desenvolvidos por mim no cortejo dramático carnavalizado Auto do Círio nas edições de 2014, 2015 e 2016 que compreenderam o ato de criar figurinos carnavalescos para personagens que interpretei no cortejo, onde reconheci os atravessamentos que constituíram o meu olhar estético diante do mundo especialmente influenciado pela espetacularidade da Festa do Círio de Nazaré e dos desfiles das Escolas de Samba do carnaval carioca. Para tanto, caminhei com a Etnocenologia, por saber que o estudo dos processos citados perpassou fundamentalmente pelo modo com que o meu corpo se alterou a partir de sua inserção no contexto espetacular da cena. Assim, convidei para colaborarem com esta pesquisa: Armindo Bião (2009) e seus dispostos a cerca da Alteridade, Matrizes Culturais e Matrizes Estéticas; Jean-Marie Pradier (1995) para abordagem da Espetacularidade; Sônia Rangel (2015) na compreensão do meu processo criativo; James N. Green (2000) no entendimento das singularidades que o meu corpo espetacular revela e Miguel Santa Brígida (2007) na percepção da prática artística como pesquisa capaz de transgredir formas e formatos de pensar. Somaram-se a estes os estudos de Paes Loureiro (2007) e sua proposição de Conversão Semiótica; Cláudia Palheta (2019) no entendimento do corpo-habitante que se constitui por influência do figurino carnavalesco e Fayga Ostrower (2014) em sua proposição do fazer criativo enquanto forma de comunicação do artista. Elaborei esta dissertação também como uma auto-etnografia a partir da proposição de Sylvie Fortin (2009), procurando contribuir com o conhecimento em artes cênicas a partir das minhas próprias experiências, partilhando da premissa que a prática artística será melhor compreendida se observada pela ótica de seus praticantes, indispensando o afeto e a maneira com que a corporeidade do artista-pesquisador, suas emoções e sensações são fontes de informação valiosas para a pesquisa em artes.