Dança, Cabala, Espiritualidade:
autoetnografia dançada em roda na Amazônia paraense
Orações Corporais. Danças Circulares Sagradas. Cabala.
Os fios que tramam a escrita desta Tese se entrelaçam aos fios de experiências vividas pela artista-pesquisadora/focalizadora-dançante Ana Cláudia Pinto da Costa, no contexto do coletivo UBUNTU, movimento de Danças Circulares Sagradas da cidade de Belém/PA. O trabalho é fruto de uma pesquisa de cunho etnográfico no campo das Artes, acerca das doze Orações Corporais, inspiradas na Cabala pela bailarina e coreógrafa Frida Zalcman. Tais danças correspondem à “tradução” dançada das orações cantadas na sinagoga. A pesquisa se insere num estudo mais amplo acerca das chamadas orações corporais, norteadas, neste caso específico, pelos preceitos da Cabala, a Árvore da Vida, levando-se em consideração seus quatro mundos e suas emanações energéticas (sefirót). Essas orações corporais são um modo de vivenciar, por meio da dança, os rituais litúrgicos do Judaísmo, favorecendo o contato do praticante com os mundos da Cabala, onde supostamente acontece o encontro com o Criador. O estudo busca compreender o sentido e o significado que os preceitos da Cabala dão à dança, tal como foi organizada e sistematizada por sua idealizadora, implícitas no contexto da performance ritual da Oração Corporal Mode Ani Lefanecha, a partir da cosmovisão das dançantes. A pesquisa se inscreve em três campos teórico-metodológicos: 1. Antropologia da Dança, campo que possibilita observar, vivenciar, e compreender a “dança” – movimentos, passos, ritmos, gestos, simbolismos, ritual, entre outros elementos – em sua relação com o contexto no qual ela é transmitida e praticada; 2. Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty, com estudos focados na estesiologia do corpo; 3. Dança Terapia de Andrea Bardawil que se constitui na experiência com a dança, a partir do diálogo com a educação somática, a consciência corporal e a improvisação.