Saudades, Reencontros e Manicuera: espetacularidades entrecruzadas de afeto na Iluminação de Finados em Curuçá-PA.
Iluminação de Finados. Curuçá-PA. Campo Movente. Espetacularidades. Artista-pesquisadora-afetada.
Entre lembranças da infância, medo de rituais fúnebres e encantamento com a temática da morte na Literatura, a artista-pesquisadora-afetada foi caminhar no cemitério e vivenciar a alteridade em um entrecruzar de Afetos com o corpus da pesquisa da Iluminação de Finados em Curuçá-PA. O corpo físico do cemitério e a preparação da manicuera, o trabalho dos biscateiros e a confecção de grinalda de flores, elementos da tradição curuçaense que permanecem do século XIX e se relacionam à contemporaneidade entre mídias sociais, selfies e drone. O corpo epistemológico na lente da Etnocenologia, ao visitar o cemitério como a casa de entes queridos falecidos compreende as espetacuaridades Vizinhos de sepultura, Cemitério Fashion e relações de afeto, apresentando uma singularidade festiva espetacular no Cemitério São Bonifácio e Bosque da Igualdade no Dia de Finados. O corpo artístico, o afeto das relações com a temática da morte que veio nos Autos do Círio de 2017 com a NSra de La Muerte – a Santa da morte no México; 2018 com Luzias – reflexão acerca do incêndio do Museu Nacional (RJ) e a perda parcial do crânio de Luzia, a primeira brasileira; 2019 com NSra da Amazônia e Oxóssi lutando contra o incêndio e a morte da Amazônia. Caminhar pelo cemitério, acender velas no cruzeiro, conversar com participantes da Iluminação contextualiza o tempo, condições e inteireza do fenômeno na história curuçaense em que o Campo Movente criou caminhos até à cidade histórica de Sabará em Minas Gerais para visualizar o possível primeiro cemitério de Curuçá que foi na igreja de NSra do Rosário. Entre reflexões sobre Morte Domada e Morte Selvagem (Philipp Àriès), Estética da Morte (Jorge Salomão), Brevidade da vida e Edificar-se para a Morte (Sêneca), A moda em uma perspectiva compreensiva (Renata Pitombo Cidreira), Ritos de Passagem (Van Gennep), Espetacularidade e Teatralidade (Armindo Bião), Poética do Imaginário (João de Jesus Paes Loureiro), Missão Jesuítica na Amazônia (Karl Arenz) e História de Curuçá (Paulo Henrique dos Santos Ferreira), a artista-pesquisadora-afetada vai enterrando medos e iluminando seus caminhos.