Abre caminho - reflexões sobre poéticas de artistas negras da Amazônia
Mulheres Negras, Arte Afrobrasileira, Amazônia.
Esta pesquisa investiga a construção poética de cinco artistas visuais negras da Amazônia, sendo duas da cidade de Manaus, uma de Porto Velho e duas de Belém, a partir de três temas, que emergem em suas obras: ancestralidade, a construção das imagens do corpo-negro e afrofuturismo. O reconhecimento da importância dos africanos e seus descendentes para a formação da sociedade amazônida se deu de forma tardia, principalmente, pelo “mito indígena”, que significa relacionar a região prioritariamente à presença indígena, ou à miscigenação entre o indígena e o branco. A arte afro-amazônida ficou relegada ao lugar da não legitimação, o que provocou o não reconhecimento tanto do fazer artístico de negras e negros, quanto do objeto gerado deste fazer. Nos últimos anos, observamos a emergência de artistas negras no cenário nacional, um momento onde outros modos de pensar estão sendo agenciados e uma maior preocupação com as narrativas difundidas sobre a população afrodescendente, consequentemente vivenciamos uma maior visibilidade da produção artística de mulheres negras amazônidas. A pesquisa ocorrerá por meio de vivências nas três cidades, uma em Porto Velho, a segunda em Manaus e a terceira em Belém, onde resido. Para refletir sobre essas questões abordarei o pensamento das próprias artistas Rosilene Cordeiro, Marcela Bomfim, Mina Ribeiro, Keila Serruya e Kerolayne Kemblim, registrados por meio de conversas, entrevistas e vivências em atelier e exposições, estes estarão em diálogo com a base teórica, composta por autoras como bell hooks, Zélia Amador de Deus, Grada Kilomba, Luzia Gomes, Marilu Campelo, Mônica Conrado, Rosana Paulino, Renata Felinto, Diane Lima, Arthur Leandro Tata Kinamboji e Isabela do Lago. Percebo que o trabalho das artistas compreende um processo individual e coletivo de fazer e refazer, contar e recontar histórias e narrativas interrompidas, construindo um contra-discurso à colonialidade, que é também a (re)construções e afirmações epistêmicas do povo negro.