CAMINHADAS E MODOS DE EXISTIR NA FESTA DE SÃO MARÇAL: poéticas moventes e espetaculares em São Luís/MA.
Caminhadas, Festa de São Marçal, Modos de existir, Etnocaminhada
Esta escritura incursiona a respeito dos modos de existência experimentados pelos corpos brincantes que caminham na festa de São Marçal, em São Luís, capital maranhense. A festa, também conhecida como Encontro de Bois de Matraca, acontece anualmente no dia 30 de junho, dia de São Marçal, no bairro do João Paulo. Praticada no espaço público, a festa caminha, é caminhada e faz caminho. Andadura de múltiplos corpos em trânsito, caminhando em vários sentidos, fluxos e refluxos, passos que carregam movimentos singulares e poéticos, compreendidos como ações de microresistências urbanas. A pesquisa põe em movimento contaminações epistêmicas que norteiam meu caminhar em diversos tempos e que vagueia por espaços de abertura metodológica. Do exercício de compor outros modos de fazer e dizer festivos, elaborei giros, redemoinhos e ruminações gerando a proposição da etnocaminhada, noção que tem proximidade epistêmica e afetiva com a motriz de pensamento da Etnocenologia. É a partir da ativação da etnocaminhada que entro em contato com o meu campo de pesquisa, no qual caminho e no meu deslocamento percebo a força dos processos estéticos nutridos na festa de São Marçal, sobretudo do corpo brincante e suas vias de composição. Além disso, a etnocaminhada fez emergir, como acontecimento metodológico, meu estado de caminhante-etno-pesquisadora, que é quando caminho e festejo nas encruzilhadas, dobras e bordas do fenômeno espetacular. Grafando as práticas de caminhabilidades que transmutam a festa em um território fértil para germinação de novas existências. Decolonizando estados de ser e estar na festa que brincam com a elasticidade e densidade do tempo, gerando outras espessuras no espaço, abrindo os poros para a permeabilidade dos encontros, do aqui agora já. Portanto, a pesquisa objetiva compreender como a caminhada aciona modos inventivos de existir, sobretudo como os corpos brincantes experimentam as camadas da cidade a partir das fricções e deslizamentos, tornando a paisagem festiva um espaço de trocas afetivas, criação nômade e geração de outros mundos possíveis.