1900 – O RANGER DA LIBERDADE: a memória como indutora de performances de rua.
Performance. Performer. Memória. Performance de Rua. Processo criativo.
O presente trabalho é um memorial dissertativo do processo criativo das performances do projeto 1900 – o ranger da liberdade, segunda obra cênica da Trilogia Secular desenvolvida com integrantes do Zecas Coletivo de Teatro, nas ruas da região metropolitana de Belém do Pará no ano de 2019. O principal objetivo desta pesquisa é analisar e evidenciar a importância e os sentidos em se trabalhar com experimentações artísticas em diálogo com o campo teórico-metodológico dos Estudos da Memória, principalmente as criações de performances de rua. Para isso, organizamos o presente memorial em quatro momentos. No primeiro, apresentamos os antecedentes e o planejamento do processo criativo, evidenciando a fricção entre o teatro e a performance oriunda das práticas dos artistas envolvidos nesta pesquisa, embasada em conceitos de Matteo Bonfitto (2013) e Josette Féral (2015); as especificidades da linguagem da performance na perspectiva de Renato Cohen (2013), Roselee Goldberg (2006), Jorge Glusberg (2009), Richard Schechner (2012), e Patrice Pavis (2017); e suas relações com os estudos da história e da memória de Jaques Le Goff (1990), Pièrre Nora (1993), Maurice Halbwachs (2006), Joel Candau (2011), e Aleida Assmann (2011). No segundo, apresentamos o processo criativo das oito performances desenvolvidas durante a pesquisa, partindo da perspectiva de Sonia Rangel (2015) e Cecilia Sales (2011) sobre o processo criativo como metodologia de pesquisa em artes, e Adriano Cypriano (2015), sobre a potência dos processos criativos em performance, juntamente a descrição do dispositivo de instigação que agenciamos, a partir do lugar de fala de Djamila Ribeiro (2017) e as perspectivas micropolíticas de Suely Rolnik (2015). No terceiro, descrevemos a experiência com as performances realizadas nas ruas da região metropolitana de Belém e analisamos as ações desenvolvidas pelos performers andarilhos, performers invasores e performers expositores, embasados em André Carreira (2007; 2009; 2011; 2012), Gaston Bachelard (2008), Yi-Fu Tuan (2006), Michelle Nascimento (2018), e Luiz Fernando Ramos (2015). No quarto e último momento, revelamos os desdobramentos das ações desenvolvidas nesta pesquisa e as perspectivas para futuras criações artísticas.