FLUVIOCARTOGRAFIAS EM PERCURSO:
memórias e presenças de um corpo cênico em travessias.
Teatro, Corpo, Paisagem, Dramaturgia Pessoal, Poética Cênica.
O presente trabalho propõe a estruturação poético-cênica de um corpo atravessado no entre: a cidade de Belém e o interior marajoara, a narrativa e a cena, a palavra e a ação, a memória e a presença. Este entre se dispõe como meio de compreender o corpo de uma atriz-dramaturga-encenadora em seus processos de travessias por meio de autores amazônidas como Eidorfe Moreira e João de Jesus Paes Loureiro. Além disto, este trabalho dialoga com o conceito de Dramaturgia Pessoal, definida por Wladilene Lima (2004) e extraída do diário de bordo da atuante; e por uma poética do espaço, como propõe Gaston Bachelard (1993). Diante deste contexto, as seguintes questões emergem: 1) se o corpo, enquanto estrutura psicofísica, pode constituir-se em uma paisagem; 2) de que forma este corpo pode expressar-se cenicamente, em consonância com um ambiente no qual vive sua própria travessia por meio de viagens e memórias; 3) quais as relações entre o corpo, o texto e outros elementos de cena no processo de encenação. A partir destas induções, objetiva-se compreender de que maneira o corpo da atuante atravessa e é atravessado enquanto sujeito/objeto de uma poética teatral, os processos de elaboração artística que estão imbricados no percurso e seu desdobramento fluviocartográfico, considerando paisagens, margens e fluxos. Enquanto dispositivo da prática, busca-se a linguagem corporal e os estados possíveis de composição cênica do corpo cotidiano, delineados pelos estudos do corpo, apontados por Sônia Machado de Azevedo (2017) e da Corpografia. Como procedimento metodológico, estas Fluviocartografias acompanham a ideia de pesquisa em arte proposta por Sônia Rangel (2009),na linha de pesquisa de Poéticas e Processos de Atuação em Artes. Logo, a metodologia dar-se-á imersa na prática de criação cênica. Criar, atravessar e mergulhar configuram-se como os verbos de ação para o ato cênico em percurso, trabalhando um estado cênico como realidade inscrita e presentificada em um corpo/espaço de identificações.