Corpo universo: uma poética das constelações compositivas como estudo e reflexão do corpo na atuação teatral.
Corpo. Atuação. Fenomenologia. Trabalho do Ator. Metodologia. Processo Criativo. Poética cênica.
A pesquisa Corpo universo: uma poética das constelações compositivas como estudo e reflexão do corpo na atuação teatral objetiva compreender o que se passa no meu/eu corpo do durante o momento da atuação. Para tanto, lanço-me como artista-pesquisador, compreendendo a atuação como um fenômeno vivido pelo ator durante os seus trabalhos criativos, ocorridos dentro ou fora de cena. A busca por esta compreensão me levou a mergulhar nas memórias e experiências artísticas vivenciadas por mim, como ator, além de me levar a observar, em termos de sensação equivalente, o que se passa com as pessoas junto as quais trabalho e outros atuantes aos quais tenho assistido. A esteira investigativa se faz fundamentada, teórico-metodologicamente, na Fenomenologia, ciência que investiga a experiência da consciência desde seu nível básico, o sensível, até o mais elaborado, a consciência de si. Acolho, como principais autores deste campo de conhecimento, o alemão Georg Hegel (1770-1831) e o francês Gaston Bachelard (1884-1972), devido a seu interesse pela tomada de consciência frente ao fenômeno da criação e atuação cênica imerso no campo poético artístico, o francês Merleau-Ponty (1908-1961) para refletir sobre o espaço presente do meu/eu corpo e sua significação cênica a partir da relação com os outros corpos atores/espectadores e o filósofo e sociólogo francês Henri-Pierre Jeudy (1945-) para a discussão do corpo como objeto ou suporte artístico. Nos processos criativos, a professora brasileira Sonia Rangel (1948-) me ajuda a compreender o processo como fonte de (re) criação fomentador de diversas dobras na criação, tendo a memória como propulsora de revisitações. No estudo sobre o trabalho a arte do ator, o ator, pedagogo e diretor russo Constantin Stanislavski (1968-1936), o ator russo Richard Boleslavski (1989-1967) e o diretor e ator Eugenio Kusnet (1898-1975) contribuem para a discussão onde a técnica e sensibilidade e o consciente e inconsciente andam junto durante a atuação; o diretor italiano Eugenio Barba (1995), para os processos e princípios que regem a influência da cultura e do cotidiano no qual o ator está inserido; o diretor polonês Jerzy Grotowski (1933-1999) e o ator brasileiro Carlos Simioni (1958-), para o entendimento da importância do treinamento como preparação contínua do corpo e como alicerce da criação. Como premissa fenomenológica dominante, privilegiei uma metodologia aportada no fenômeno da pesquisa, que possibilita a construção e reflexão da obra poética a partir das múltiplas vivências internas, dando relevância ao material provido pela memória das práticas e trajetórias nos espetáculos, articulando-o com o treinamento psicofísico contínuo. O resultado concludente deste processo se pretende estar, em acompanhamento à visão metaforizada do universo e suas constelações, no outro lado do buraco negro que ora o pesquisador atravessa dentro do âmbito de práticas teatrais, pois tudo aquilo já trabalhado mostra que vivências, em termos das artes cênicas, podem capturar um passado repleto de força e sustentação, envolver-se em um presente em contínua maturação, principalmente, e colimar um futuro pleno de possibilidades como fonte à criação a partir do corpo.