FARINHA POÉTICA: a coreocartografia familiar de um rito artístico
Coreocartografia familiar; processo criativo; dança; rito artístico.
RESUMO
Esta pesquisa objetiva apresentar e compreender o processo criativo do Rito artístico Farinha poética, por meio de diálogos teóricos e práticos, enquanto produção de conhecimento artístico e acadêmico. Por rito artístico entende-se o momento em que o produto cênico desta pesquisa é entregue ao público. Para construir a obra de arte e chegar neste momento, aciono como estratégia o que chamo de coreocartografia familiar- proposição metodológica de pesquisa em dança inspirada na cartografia (DELEUZE, 1995) em diálogo com os processos de criação (SALLES, 2006), uma experiência que desvela os (r)encontros deste interprete-criador em dança com sua família, com sua história e com sua dança, tornando-se assim uma rede ampla de conectivos artísticos, epistemológicos e de vida, um mapa de uma família de saberes dispostos a serem compartilhados. Na realização da pesquisa emprego os procedimentos de preparo da farinha como metáforas para a criação em dança, observo os processos de “conversão semiótica” (LOUREIRO, 2007) do gesto na “dança contemporânea” (ROCHA, 2016)) e destaco a relevância da subjetividade como valor necessário para a criação cênica. Como resultado, verifica-se que a pesquisa tratada neste memorial transcende as reflexões sobre os recursos e procedimentos de construção cênica Rito artístico Farinha Poética e avança no sentido de ver a construção deste Rito como processo de cura e reencontro que tem como base situações de vida e de arte, relações intimas com um dos contextos sociais de minha cidade natal, contexto este que minha família vivencia durante a produção de farinha de mandioca.