EXÍLIO DO TEMPO - errância, coleta e ficção como acontecimento
errância; coleta; paisagem; ficção; Amazônia
Parte-se de uma imagem embrionária em um determinado lugar da Amazônia. Nesta imagem, sementes chegam a cada maré. Trazidas pelas águas, dia e noite as sementes são coletadas por mulheres, homens e crianças para determinados fins. Inspira-se nessa imagem para a realização da pesquisa. Trata-se, portanto, de um trabalho de coleta, fruto de errâncias pela paisagem de Rio Mar - lugar quase real, um tanto fictício, de temporalidade distinta, do lado de lá do continente extremamente veloz. Vive-se a duração própria do lugar. Reúne-se com a intuição, um conjunto de elementos da vida vivida, acontecimentos criados, leituras diversas e alguns devaneios. Com tudo, de fundo, fala-se sobre o conceito de paisagem. Intenta-se alargá-lo no campo da arte, ao articular contribuições da literatura com Dalcídio Jurandir, da filosofia com Anne Cauquelin e Emanuele Coccia e da antropologia com Almires Martins e Tim Ingold. Evita-se, portanto, falar do fazer. Entende-se o fazer como sendo sua própria teoria. E neste sentido, delira-se como escrita errante. Busca-se transformar aquilo que é coletado em essência a ser partilhada. E neste intuito, acaba por constituir uma constelação imaginativa ficcional - Exílio do Tempo, um trabalho de caráter multimídia, onde Delírio coleta elementos na paisagem de Rio Mar. Assim sendo, tudo se repete novamente. Quer-se, sobretudo, falar sobre paisagem como fenômeno vivido a ser partilhado.