CASARÃO DO BONECO: EXPERIÊNCIA PERMANENTE DE UM CORPO RELACIONAL EM UM TERRITÓRIO EXISTENCIAL
Casarão do Boneco; In Bust; Corpo relacional; Espaço Compartilhado.
A jardinagem praticada pela lógica da floresta, baseada na manutenção da vida pela diversidade e abundância de recursos próprios, é a metáfora para os cultivos da compreensão nesta pesquisa que fala de um casarão antigo que é sede de um grupo de teatro com bonecos e espaço compartilhado de trabalho coletivo de 37 artistas/produtores de cenas diversas, recebedor de fluxos de público para experiências estéticas em comum. São pontos de vistas, lugares de onde se olha. Paisagem e sujeito se confundem em plataformas entrecruzadas em frequente comunicação. De dentro do Casarão do Boneco, em qualquer uma das plataformas, percebo que estamos diante de uma peculiaridade, uma nuance no âmbito relacional, entre os habitantes, seus espaços, as diversas linguagens artísticas, o público e a cidade. Essa intensa ocupação e o que dela faz movimentar o Casarão do Boneco indicia um rearranjo de realidade ante a potência para as maneiras de se relacionar. O Casarão parece apresentar suas próprias qualidades, componentes absorvidos nos meios que se sobrepõem, que o diferenciam sob diversos aspectos e, nas linhas de fuga, juntos se dimensionam a um devir-expressivo territorializante. São seguidas algumas das pistas do método cartográfico de Gilles Deleuze e Félix Guattari e seu pensamento rizomático. É vislumbrado os vários lugares que definem e que tornam o Casarão, um lugar único, um corpo único sendo definido pelas relações estabelecidas entre três blocos de força: seus habitantes, seus espaços, seus movimentos. Um corpo, como Deleuze observa o corpo definido por Espinoza (2002), composto por uma infinidade de partículas, que se elabora das relações entre velocidades e lentidões, repousos e movimentos dessas partículas. Não é definido como forma, mas como força interativa. Um corpo composto por outros corpos, tal a ideia cosmogônica da pessoa marubo, ou mesmo animado tal ao boneco que vira personagem pela manipulação de tantos atores. Um corpo tramado em mapas.