VESTÍGIOS NA TELA:
Dança Floresta, corpo situado em improviso
Videodança, subjetividade, corpo dançante, imagem e movimento.
O Videomaker assim como o Editor são modalidades recentes na arte da dança, sendo necessário traçar estudos para o que vem, aos poucos, surgindo enquanto artista da dança em ato, produzindo uma interpelação com vídeo que se dá pelo contato entre corpo e espaço, câmera, computador e outros sujeitos num processo de imersão, no qual a artista sem roteiro maneja competências da dança nas etapas de filmagem e edição, pelos quais coloca o corpo num estado exploratório de composições que acontecem em tempo real. O próprio artista conduz a produção imagética, que no ato dessa a interação se apropria das habilidades de quem dança, gerando um campo intensivo somático, de fragilidade e incerteza, já que ele mesmo produz gestos e posições com a câmera em movimento, alteração em ato, solicitando a atenção constante de um cuidado com os gestos, se colocando à espreita para fazer uso da câmera; Esse mesmo corpo dotado de conhecimento em dança, propõe no processo de edição a criação da imagética de uma outra dança, com seus cortes, ligações e desdobramentos formando um corpo pelo qual o artista se vê interpelado por uma dança primeira, que não é a primeira, mas apenas um vestígio de uma dança outra, que se faz na seleção dos quadros móveis na edição. Esta pesquisa tem por objetivo investigar subjetividades do corpo dançante, a partir da relação que a artista multimídia estabelece com seus meios neste Videodança, intitulado Dança floresta, em improviso, o qual foi realizado pela Cia Experimental de Dança Waldete Brito no período pandêmico de 2021. A pesquisa parte das seguintes questões: Qual a natureza e subjetividades da dança contemporânea? O que move o Videomaker que dança em improviso? Como analisar/investigar subjetividades do corpo dançante pelas imagens do Videomaker com o intérprete-criador em dança quando compõem em tempo real a partir da produção intitulada dança floresta? De natureza qualitativa e sob a perspectiva do pesquisador participante, a produção de dados provém da análise de vídeos, questionário semiestruturado e bate-papo realizado com o elenco. Situada na linha tênue de campos de conhecimento distintos, a pesquisa aponta como resultado um caminho possível de produção de vídeo. Embora perpasse pelos meios técnicos, a imagem produzida provém da captação e multiplicação de subjetividades, aponta uma tecnologia de alta complexidade sustentada na natureza humana, cuja engenharia é o corpo orgânico.