ONDE ESTÁ AQUELE POVO BARULHENTO? Uma etnografia musical para compreender os corinhos pentecostais da Assembleia de Deus em Belém.
Etnomusicologia; Corinhos; Memória; Pentecostalismo; Liturgia;
Neste trabalho, de cunho etnomusicológico, o autor lança um olhar sobre suas memórias com o objetivo de compreender a natureza, significados, função litúrgica e estruturas musicais dos corinhos pentecostais no culto. Através de uma cartografia da memória mesclada a uma abordagem autoetnográfica, os caminhos percorridos atravessaram as noções de acustemologia, de Feld (2015, 2020) conjugada a doutrina do Ethos musical (SILVA, 2019; GROUT e PALISCA, 2007), conectada a noção mito fundador (SALDANHA, 2018), levando em conta a trajetória do movimento pentecostal e da Igreja Assembleia de Deus na História (FRESTON, 1994; MATOS, 2006; OLIVEIRA 2013), além de buscar entender a dinâmica icônica dos elementos rituais na liturgia pentecostal que conduz o crente à experiência de entusiasmo religioso (STEPHENSON, 2019; ALBRECHT, 1999). Sua conclusão é de que os corinhos pentecostais são elementos estruturantes da liturgia pentecostal dispostos entre elementos litúrgicos fixos a fim de dinamizar o caminho até o entusiasmo ou êxtase religioso, que é o alvo principal da espiritualidade pentecostal; e que a simplicidade da estrutura, contornos musicais e das letras configura uma estratégia de conversão simbólica que transmuta os valores e crenças fundamentais da fé pentecostal em ícones sonoros rituais para realizar função análoga a um dos ícones medievais.