CANTO COLETIVO: UMA HISTÓRIA DE PRÁTICAS E IDENTIDADES MUSICAIS NO MARANHÃO (1880-1915)
Canto Coletivo; Música Vocal; Estudos Culturais; Práticas musicais no Maranhão; Identidades e Representaçõe
Esta pesquisa teve como objetivo investigar práticas vocais coletivas que se constituíram na cena artística maranhense, entre os anos de 1880 e 1915, buscando compreender as relações entre agentes, instituições e a sociedade. Com base no enfoque teórico-metodológico centralizado nos campos da História Cultural e da Musicologia Histórica, partindo da hipótese que o hibridismo cultural se constitui na base que define as manifestações vocais no Maranhão - aqui compreendidas como “CANTO COLETIVO” - elaboramos uma descrição dos atributos correlatos ao desenvolvimento de musicalidades, mecanismos produtivos, trânsitos e circularidades no propósito de caracterizar, a partir da documentação histórica localizada, representações das identidades musicais nelas refletidas. Por consequência, traçamos um panorama sobre o Canto Coletivo, desvelando conceitos, terminologias, definições utilizadas e seus desdobramentos, de forma a estabelecer o que consideraríamos relevante identificar nas práticas, nas representações do objeto. Apresentamos alguns dados históricos sobre a região pesquisada, a partir do cruzamento preliminar entre questões políticas e sociais com reflexos na vida artística local. Revelamos algumas leituras do corpus selecionado no objeto de pesquisa. Neste enredo, abordamos a dinâmica peculiar desencadeada pelas manifestações religiosas, ao colocar em contato diferentes grupos culturais. Tratamos da difusão da ópera no tecido social, onde narramos as relações existentes entre a comunidade imigrante – Companhias Líricas e a sociedade local, dando importância aos impactos no uso emblemático da ópera, dos repertórios à sua representatividade e influências. Analisamos o papel da educação na formação de um quadro representativo dos valores que o poder local buscou consolidar a partir da identificação dos diversos contextos educativos, práticas pedagógicas e incidências artísticas. Mencionamos a importante presença do Canto Coletivo nas tradições de populações então marginalizadas, oriundas das culturas de matrizes africanas, aqui representadas em manifestações festivas, brincadeiras e folguedos como a Festa do Divino Espírito Santo, Bumba-meu-Boi e o Tambor de Crioula bem como a omissão relegada à cultura musical dos povos originários e seu valor representativo, ao longo do período em questão, num visível processo de obliteração.