UMA ESCOLA A CÉU ABERTO: a transmissão musical no Instituto Arraial do Pavulagem
Arraial do Pavulagem, Transmissão Musical, Prática Musical.
Nesta pesquisa detive meu olhar às práticas de transmissão musical no contexto do Instituto Arraial do Pavulagem – IAPav. Nas vivências formativas para preparação dos arrastões (cortejos de rua), que desembocam como um rio nas ruas de Belém-PA, é possível destacar a forma que as pessoas se relacionam transmitindo seus saberes e constroem processos de transmissão musical. Investigar a transmissão de saberes musicais no Instituto Arraial do Pavulagem, considerando sua influência na construção de uma performance musical contemporânea constitui o objetivo geral desta pesquisa. Especificamente, meus objetivos foram compreender a prática musical do Instituto Arraial do Pavulagem a partir de narrativas de vida; descrever a prática musical do Instituto Arraial do Pavulagem e as formas que a transmissão musical se multiplica no espaço das oficinas, ensaios e arrastões; e, por fim, discutir os modos de aprender e ensinar música no Instituto Arraial do Pavulagem apontando quais influências constituem os aspectos “pedagógicos” da transmissão musical. A tese se constitui a partir de uma pesquisa realizada em três momentos: em 2018 e 2019, com uma extensa pesquisa de campo que resultou em vasta coleta de dados em audiovisuais; em 2020 e 2021, a pesquisa de campo foi realizada de maneira virtual a partir do engajamento da comunidade nas mídias sociais do IAPav e nas lives do Arraial do Futuro que adequou os cortejos de rua ao virtual devido o distanciamento social necessário durante a pandemia da Covid-19; e, após o retorno presencial, em 2022, das atividades do grupo, que possibilitou uma experiência bem singular de retorno à “normalidade” e a realização das entrevistas que são parte do coração deste trabalho. Nesse sentido, de maneira suscinta, essa tese possibilitou compreender que a transmissão musical no Arraial do Pavulagem se dá de maneira sistematizada nas oficinas, prioritariamente, a partir da oralidade. A partir de dimensões vinculadas ao cotidiano das experiências dentro do instituto, seja nos diálogos com mestres, no compartilhamento de experiências com os colegas do Batalhão da Estrela, como na convivência das articulações dos fazedores de cultura que ali se constroem, seja nas ações políticas e/ou nas artísticas. Ainda, a transmissão se dá na própria performance durantes os arrastões e na fruição sonora nos shows e na experiência da audição das próprias músicas.