Corpos Cristalinos: Sobrevivências da Memória no Cinema Cearense Contemporâneo
Arte. Testemunho. Cinema.
Diante da morte, diante da fragmentação e inexatidão da memória, diante da erosão da matéria, a arte tem permanecido e resistido à passagem do tempo. Esta pesquisa tem o desejo de demonstrar como o cinema (a imagem-movimento) se configura como um potente e valioso meio para “materializar” e dar voz à memória, quebrando as barreiras e os nós das impossibilidades que envolvem a narração e a reelaboração daquilo que “foi”. Nesse ínterim, o conceito de “testemunho” se torna central – e se configuram como um caminho possível frente às formas mais tradicionais de transmissão da palavra e escritura do passado. O objetivo desta pesquisa é, então, mapear e analisar, particularmente no cinema cearense das últimas décadas, filmes que, de distintas for mas e por diferentes caminhos, conseguiram "materializar" e manter viva a memória – tornando-a sensível e sonora – no plano cinematográfico. Tanto o conceito de testemunho como outros conceitos centrais para a pesquisa serão trabalhados à luz das discussões de teóricos como Márcio Seligmann-Silva, Jeanne Marie Gagnebin, Walter Benjamin, Gilles Deleuze, Giorgio Agamben, Aleida Assmann, entre outros. As obras cinematográficas que nos fizeram companhia são As Vilas Volantes: o verbo contra o vento (2006) de Alexandre Veras, Uma Encruzilhada Aprazível (2007) de Ruy Vasconcellos, Casa da vovó (2008) de Victor de Melo, O som do tempo (2010) de Petrus Cariry, Epifânio (2012) de Glaucia Barbosa e Romance de minha vida (2012) de Samuel Brasileiro.