FANDANTOLOGIA:
autoetnografia migrante de uma percussionista de pés
Fandango. Parafolclorismos. Improvisação. Repetição. Migração.
Ao aceitar o silêncio pandêmico, ou seja, ficar em casa sem poder sair ou viajar, suspender algumas atividades e enfrentar uma tragédia, foi necessário criar novas buscas e outras formas de pesquisa que me fizeram viajar de onde estava, e com o que tinha, abrigando-me em casa. Essas explorações, através de meu corpo, utilizando diferentes composições de fandango, fizeram-me viajar, e até mesmo migrar, cedendo à tragédia. E, mesmo com toda a vulnerabilidade que rodeava meu corpo por causa do vírus, que também viajava e migrava, fui atravessada por outras identidades, outras terras, outras danças, outros movimentos, outras escutas e outros sons. Neste trabalho compartilho essa experiência migratória dentro de casa e como estrangeira no Brasil. É preciso dizer que esta experiência migratória não começou com a pandemia de Covid-19 e foi através da autoetnografia que consigui dar uma saída aos conhecimentos encarnados (tecnologias parafolclóricas) que me constituem, a fim de consolidar minhas abordagens ao conceito de migrações sonoro-corpóreas através do seminário 'Del Fandango al cuerpo y de vuelta'.