DOULAR A VOZ QUE CONTA
UMA EXPERIÊNCIA FENOMENOLÓGICA DA VOZ COMO PERFORMANCE
Performance. Fenomenologia. Voz. Contar. Doular.
Reconhece-se que a arte de contar histórias e da doulagem são processos ritualísticos, em que se cultiva um caminho próprio, intuitivo, que me guia como pessoa e profissional. Fenomenologicamente, tais processos se constituem na experiência vivida de modo subjetivo. Portanto, contar e doular compõem a fenomenologia da minha redondeza. E é na minha experiência com a voz que estabeleço a conexão com e entre os dois processos. A problemática de investigação desta dissertação, assim, se estrutura a partir da seguinte indagação: “de que maneira a minha voz se revela, como performance, na minha arte de contar histórias e no meu ofício como doula?” revelando como objeto de estudo a minha voz, como performance. O objetivo, portanto, deste trabalho de dissertação é elucidar sobre o meu percurso de ser doula e contadora de histórias, a partir da discussão da voz como performance. Entre os fundamentos teóricos que darão sustentação para a discussão, lançarei mão da produção de Paul Zumthor (1915-1995), para o campo conceitual entre voz e performance, entrelaçando este campo ao da fenomenologia do redondo, de Bachelard (1884-1962). Transversalmente, oriento-me pela concepção do Sagrado Feminino e do Arquétipo da Grande Mãe, fundamentados nos escritos de Clarissa Pinkola Éstes (1945) sobre a intuição e sabedoria da mulher e da psicologia analítica de Carl Gustav Jung (1875-1961), e a escritora e psicanalista Maria Inez do Espirito Santo (1950) que me auxiliaram a entender e desenvolver o real conceito de Sagrado Feminino, assim como as imagens arquetípicas, animus e anima. Com efeito, tomo como forma o memorial para tecer a colcha dessa trajetória nesses dois campos de experiência fenomenológica, onde a voz será o grande fio condutor. Trata-se de um trabalho que se constitui em narrativa autobiográfica, ao mesmo tempo, reflexiva e poética.