O Grito das Minas: o punk/hc que desemboca numa cena musical feminina em Belém PA
Punk rock. Punk/hc. Feminismo. Empoderamento feminino. Transgressão. Performatividade
A presente pesquisa tem como foco a cena musical do punk/hc, subgênero do rock, em Belém do Pará, constituída por mulheres como um fazer musical necessário no combate a preconceitos existentes entre pessoas que fazem ou frequentam os ambientes desse gênero, em que predomina, ainda, o sexo masculino, pois o rock e suas vertentes, apesar de representarem transgressão e irem contra opressões e violências do Estado e da sociedade, por vezes, invisibilizam a produção feminina e seus atores ainda praticam machismo, misoginia, dentre outras atitudes que ofendem mulheres. Nesta etnografia abordo a trajetória do punk/hc em Belém do Pará, enfatizando a produção musical feminina/feminista, sendo necessário valorizar essa produção e enfatizar a necessidade do respeito à mulher nesse cenário, pois conforme Rosa e Nogueira “a poesia e a música nascem das rupturas e da dor que transformam. É um processo criativo no sentido amplo onde, ao criarmos caminhos artísticos e de produção de conhecimento próprios, também nos reinventamos como pessoas” (2015, p.27). Farei uma análise da trajetória, performance e das composições musicais da banda Klitores Kaos que atua reivindicando direitos e empoderando mulheres, num diálogo com Béhague (1992,1999), Blacking (1973) e Merriam (1964) para tratar de fatores socioeconômicos no processo de criação; O´Hara (2005) e Caiafa (1985) para abordar o contexto do gênero punk rock e Butler (2003) e Féral (2009) para o conceito de performatividade. Além da bibliografia estudada, utilizei arquivos de mídia, alguns da pesquisa de campo antes da pandemia. Conforme análise parcial de performances da banda, sua trajetória e principalmente a análise musical nessa pesquisa, os dados apontam uma produção de protesto, um ‘grito’ de combate ao feminicídio, ao machismo, à misoginia com tomada de espaços por mulheres e o crescente respeito pelo gênero feminino na cena punk/hc, que muitas vezes se confunde com a vida particular das minas.