Pistoleira, Dona de Cabaré: a espetacularidade do corpo-cavalo-travestido de Dona Rosinha Malandra no Templo de Rainha Bárbara Soeira e Toy Azaka. Icoaraci/Pa. 2021.
Umbanda. Mãe de Santo. Travesti. Dona Rosinha Malandra. Incorporação. Espetacularidade. Corpo-Cavalo-Travestido. Vugaborboleta. Corpo-encostado.
Por linhas sinuosas de pensamentos aéreos tecidos por uma escritora-borboleta, escrevo sobre o corpo-cavalo de Dona Rosinha Malandra, Entidade da Esquerda umbandista. Dona Rosinha é recebida por Rosa de Luyara, Mãe de Santo trans/travesti da periferia de Belém, fator preponderante para o desenvolvimento de epistemologias libertárias de cunho imoral, cujos atravessamentos poéticos foram vivenciados pela atriz-pesquisadora-bacante, na encruzilhada afetiva da Umbanda Amazônica. Sob a imagem poética da vulgaborboleta, a metodologia desenvolvida nesta tese configurou-se num processo envolvendo doces mortes para novas vidas transformadas. Pupas, vulvas quentes, casulos, estranhamentos de si na compreensão da casa-cosmos perfumada com essências de cobra, força motriz de um corpo-cavalo-travestido. Puta, Pistoleira, Dona de Cabaré revela mistérios, segredos de uma cosmovisão malandra, pertencente ao tempo presente, para o empoderamento social de uma comunidade. Como contribuição epistemológica para a Academia, desenvolvo a noção de corpo-encostado, que se configura em uma proposta epistemo-metodológica de um corpo em processo de criação. Trata-se de uma tese feminista, transformadora, transgressora, deliciosamente imoral. A pesquisa deseja alçar ardentes voos borboletários, fundamentados em noções etnocenológicas, imagens bachelardianas, no imaginário de Durand e no pensamento sensível de Maffesoli para preparar os caminhos a serem percorridos na construção identitária de gênero, de comunidade e de liberdade epistêmica-artística.