O olhar artístico diante do fenômeno social: a violência invisível do filme “O som ao redor
Cinema, violência urbana, medo, sensação de insegurança
Este trabalho pretende investigar de que maneira o filme O som ao redor, dirigido por Kleber Mendonça Filho, lançado em 2012, capta elementos da realidade, ressignifica-os e constrói a partir daí um discurso sobre fenômenos sociais como o medo, a sensação de insegurança, a violência urbana, as cisões entre centro e periferia, as relações de trabalho e o recente passado colonial ligado ao clico açucareiro.
Além disso, abordamos a importância dialética entre o campo e o fora de campo como elementos formais necessários para construção do que chamamos de estética do “dentro” e do “fora” e sua relação com o medo e a sensação de insegurança, bem como a construção da banda sonora que privilegia sons extra-diegéticos, que remetem ao que não está ali enquadrado pela câmera.
Para isso, realizamos análise de sequências do filme, partindo da obra, construindo relações possíveis entre ela e o mundo em um incessante movimento de retorno a obra, considerando que obra de arte é por si só um fenômeno social que se relaciona com outros que lhe são externos.
Nesse sentido, procuramos relacionar o discurso fílmico com o conceito de sociedade disciplinar de Michel Foucault, a análise de Zygmunt Bauman dos medos e das relações humanas na contemporaneidade e a sociologia da arte de Jean-Marie Guyau, assumindo como campo epistemológico as relações entre filosofia, sociologia e sociologia da arte.