Tramas invisíveis: bordado e memória do feminino no processo criativo
Bordado; Memória do feminino; Identidades; Processos Criativo
A pesquisa tem por objetivo compreender a prática da técnica do bordado na arte contemporanea, e suas relações com as memórias femininas que repercurtem por gerações. Este objeivo é desenvolvido a partir da idéia de costrução identitária de Joël Candau (2012) que refuta a noção de uma exista independente da outra, analisando as noções de feminilidade e do feminino intrísecas a prática de bordar, segundo apontam os estudos de Rozsika Parker (2010). Dessa forma a perspectiva da pesquisa almeja compreender como os traços identitários são definidos pela memória familiar feminina, e assim atravessam os processos criativos da bordadeira. Hoje, em formatos mais híbridos, a prática do bordar surge ressignificada no cenário artistico contemporâneo. Por anos esta prática esteve as bordas, considerada como uma prenda feminina sem muito valor. Em uma breve análise da história da arte, a pesquisa visa levantar reflexões sobre a classificação da prática como uma arte menor e as noções de autonomia e genialidade da criação que moldaram tais convicções. Se propõe questionar tais paradigmas e ressaltar a força que o feminismo exerceu para a inserção do bordado ao universo da arte, mercado e academia. Através de entrevistas e por uma escrita autoetnografica se constroi uma dissertação sobre bordado, memória e identidade dentro do processo criativo baseado em conceitos de Ana Paula Simioni, Linda Nochlin, Arthur Danto, Stuart Hall entre outros teóricos das artes, do feminino, da memória e do processo criativo. Como resultados da pesquisa, apresentam-se novas criações em um livro de artista e um álbum de fotos bordadas, “o àlbum das tramas”e “o àlbum invisível”, de experimentações bordadas que surgem da escrita cientifica, tecendo lugares de memórias e existência/resistência. As várias faces do bordado que, antes de transbordar para espaços híbridos do feminino, do artesanato, da moda, da cultura popular, e ser cercado por bordas que ditaram o pertencer da sua prática através da história é – essencialmente - arte.