Status taxonômico de Erythrolamprus carajasensis (Cunha, Nascimento & Ávila-Pires, 1985) (Serpentes: Xenodontinae): uma visão integrativa
Amazônia, Morfologia, Filogenia, Taxonomia, Xenodontini.
Erythrolamprus é um dos gêneros mais especiosos e morfologicamente diverso de serpentes
Neotropicais. A maioria das espécies do gênero consideradas válidas são reconhecidas
principalmente com base no padrão de coloração, no entanto, muitas apresentam polimorfismos, o
que pode acarretar problemas de identificação e delimitação dos táxons. Erythrolamprus
carajasensis foi descrita para a Serra Norte, nas áreas de Canga da região de Carajás, Estado do
Pará, com distribuição conhecida apenas para sua localidade-tipo. Historicamente, E. carajasensis
foi relacionada morfologicamente à E. poecilogyrus, espécie politípica e amplamente distribuída na
diagonal seca Sul-Americana, sendo E. p. schotti simpátrica à E. carajasensis. Também foi relatada
similaridade no padrão de desenho de E. carajasensis e E. almadensis, principalmente em relação à
presença da mancha clara parietal. Neste trabalho, testamos a validade taxonômica de
Erythrolamprus carajasensis, com base em caracteres moleculares e morfológicos. Geramos
sequências dos genes mitocondriais 12S e 16S para um topótipo de E. carajasensis e 11 espécimes
de E. almadensis, assim como utilizamos sequências no GenBank. Examinamos 68 espécimes de E.
carajasensis, incluindo sua série-tipo, e comparamos com espécimes de E. almadensis e E.
poecilogyrus. Recuperamos o parafiletismo de E. almadensis com E. carajasensis, formando um
clado fortemente suportado, com baixa divergência genética entre os táxons. Além disso, não
observamos diferenças morfológicas significativas entre E. carajasensis e E. almadensis, com
grande sobreposição no padrão de coloração, morfologia hemipeniana e craniana, assim como nos
caracteres merísticos e morfométricos. Considerando a ausência de diferenças morfológicas e
genéticas entre E. carajasensis e E. almadensis, reconhecemos E. carajasensis como sinônima de E.
almadensis. Redescrevemos E. almadensis apresentando uma nova diagnose, incluindo a variação
dos caracteres morfológicos, morfométricos e merísticos e apresentamos o mapa de distribuição.
Este documento está organizado em Introdução Geral, Capítulo 1 (artigo que será submetido para
publicação) e Conclusões Gerais.