Análise de lacunas e Modelagem de nicho ecológico das espécies de moscas necrófagas (Diptera: Calliphoridae, Mesembrinellidae e Sarcophagidae) na Amazônia brasileira
Floresta Amazônica; alterações ambientais; déficits de informações; insetos decompositores.
As alterações ambientais são cada vez mais frequentes, principalmente em áreas de alta
biodiversidade como a região amazônica, onde há lacunas no conhecimento do número de
espécies existentes e como estão distribuídas, resultando em impactos ainda desconhecidos
sobre a biodiversidade. As famílias Calliphoridae, Sarcophagidae e Mesembrinellidae são
consideradas as principais moscas necrófagas estudadas nos últimos tempos, desempenhando
funções vitais em ecossistemas naturais e modificados, porém, pouco se sabe sobre suas
respostas às alterações ambientais em grande escala. Portanto, compreender os mecanismos que
estruturam as comunidades no espaço e no tempo pode proporcionar mais informações sobre o
nicho das espécies e um melhor entendimento a respeito dos efeitos das mudanças ambientais.
Diante disso, esta tese tem o objetivo geral de avaliar as lacunas de conhecimento e os efeitos
do histórico de uso da terra e das mudanças climáticas na distribuição das espécies de moscas
necrófagas das famílias Calliphoridae, Sarcophagidae e Mesembrinellidae na Amazônia
brasileira, buscando apontar as principais áreas importantes para a sua conservação. O projeto
está estruturado em três capítulos cujos objetivos são: 1) Avaliar onde estão as lacunas de
conhecimento das espécies, examinando a distribuição espacial dos estudos ecológicos dos
táxons e como essas pesquisas são afetada por diferentes fatores; 2) Avaliar a dinâmica de
distribuição das espécies ao longo do histórico temporal de mudanças antropogênicas na
Amazônia brasileira, buscando entender também se existem diferenças e semelhanças nas
respostas das três famílias; 3) Avaliar o efeito das atuais e futuras mudanças climáticas na
distribuição das moscas. Para isso, nos três capítulos, serão utilizados dados de inventários,
literaturas e plataformas digitais como o GBIF, SpeciesLink e Sibbr. E as respostas serão
baseadas na metodologia de Modelagem de Nicho Ecológico (MNEs). No primeiro capítulo os
registros serão correlacionados com quatro variáveis que podem conduzir a distribuição das
espécies de moscas necrófagas: i) acessibilidade (tempo de viagem a cada local estudado), ii)
facilidade de pesquisa (proximidade com UFs, centros de pesquisas, fazendas experimentais,
reservas florestais etc.), iii) posse da terra (terra indígena, terras públicas, áreas protegidas etc.)
e iv) degradação da área. Modelos serão criados para analisar a distribuição dos estudos com
os táxons e demonstrar as áreas com maior diversidade de espécies. Áreas prioritárias para a
conservação de espécies de moscas necrófagas também serão indicadas, a partir da utilização
do software Zonation, que ranqueia as células dos mapas, com base nos valores de prioridade
de conservação, comparando com as áreas de conservação já existentes, avaliando a sua
sobreposição. No segundo capítulo, os registros serão correlacionados com variáveis de uso e
cobertura do solo. Os modelos serão criados com base nos dados do presente e projetados para
diferentes momentos do passado. Os modelos de distribuição das espécies serão criados para
analisar a área de adequabilidade das espécies em cada momento da linha temporal e
posteriormente serão identificados subgrupos de espécies que respondem de forma similar ao
gradiente ambiental. No terceiro capítulo, os registros serão correlacionados variáveis
climáticas. Os modelos serão criados para quantificar a resposta das espécies às mudanças
climáticas, indicando os locais onde a espécie poderá ocorrer e onde a espécie provavelmente
não ocorrerá, permitindo analisar a expansão e/ou redução das áreas de adequabilidade das
espécies ao longo do espaço e do tempo. Além disso, também serão indicadas as espécies com
maiores riscos de extinção, através da sobreposição dos mapas de adequação das espécies com
as áreas protegidas da Amazônia brasileira.