Barcode para arraias de água doce (Myliobatiformes: Potamotrygonidae): DNA mitocondrial ou nuclear?
Delimitação de espécies; Coalescência; Marcadores de DNA espécie-específicos; Arraias de água doce.
A utilização de ferramentas moleculares para discriminação acurada da biodiversidade é essencial para conservação das espécies, especialmente para grupos com acentuada representatividade nos cenários pesqueiro e econômico, como inúmeras espécies de elasmobrânquios. Dentre os peixes cartilaginosos que se destacam no mercado pesqueiro, encontram-se as arraias de água doce da família Potamotrygonidae, que são destinadas ao comércio internacional de aquariofilia. Um dos problemas relacionados à taxonomia e identificação das espécies de potamotrigonídeos é a plasticidade fenotípica encontrada no grupo, além de ocorrer comumente complexo de espécies devido à ampla distribuição geográfica das populações de Potamotrygon motoro, P. orbignyi e Paratrygon aiereba. Isto resulta em estruturação populacional, compartilhamento de haplótipos e presença de espécies crípticas. Embora a ampla distribuição de alguns potamotrigonídeos, há espécies endêmicas relacionadas a uma única bacia hidrográfica, como Potamotrygon leopoldi, restrita ao rio Xingu e seus afluentes. Além disso, a taxonomia das arraias de água doce ainda não recebeu uma definição eficiente seguindo caracteres morfológicos, acarretando a subestimação da diversidade do táxon. O presente trabalho busca a delimitação das espécies ocorrentes no rio Xingu, seguindo as premissas do Barcode, utilizando métodos coalescentes (GMYC, ABGD, PTP) de regiões genômicas conservadas do DNA, uma vez que estudos anteriores utilizando outros genes mitocondriais menos conservados não foram eficazes na separação das linhagens, principalmente daquelas que compõem o grupo roseta-ocelado (Potamotrygon leopoldi, P. motoro, P. orbignyi, P. scobina). Em conjunto, avaliaremos uma região mitocondrial (16S) e três nucleares (RAG1, S7 e MSTN), além disso, verificaremos se esses genes conseguem detectar hibridização introgressiva nas populações. Desta forma, o desenvolvimento de uma ferramenta que permita identificar as espécies de arraias de água doce de forma acurada contribuirá diretamente na sua conservação e manutenção dos estoques.