Características ecológicas de Lontra longicaudis (Olfers, 1818) (MUSTELIDAE: CARNIVORA) e suas relações com as comunidades ribeirinhas do nordeste paraense
Neotropical otter, shelters, diet, rio Guamá, Pará, Mustelidae
Estudamos o uso do habitat e a dieta de Lontra longicaudis na bacia do rio Guamá-Capim, no nordeste do estado do Pará, na Amazônia brasileira, norte do Brasil. Foram realizadas seis campanhas de monitoramento entre fevereiro de 2015 a maio de 2016 onde foi possível realizar 4 registros diretos (Visualização) e 64 indiretos (26 tocas, 22 locais defecação, 3 locais de descanso, 11 fezes depositadas de forma individual e 2 pegadas). Foram registradas as características físicas de tocas, locais de defecação e locais de descanso, em uso recente. Houve diferença significativa na abundância de registros fecais entre as estações secas e cheia segundo o teste Mann-Whitney. O trecho monitorado de 23km foi dividido em nove quadriculas de 2.500m X 2.500m, das quais Q3 (N=32) e Q4 (N=17) concentraram a maior parte dos registros. Em cada quadrícula foram coletadas sete variáveis ambientais: Altura e distância do barranco à água, inclinação do barranco, transparência e profundidade da água e velocidade de corrente e um índice de cobertura vegetal, medido através da porcentagem de cobertura em 25 subquadriculas de 100 X 200m de cada margem do rio. A influência destas variáveis foi avaliada através de modelo linear generalizado (GLM) no programa R, o qual selecionou a altura e a distância do barranco a água como as características com maior influência sobre o número de ocorrência de registros de L. longicaudis. A partir das 135 amostras de fezes coletadas pode-se caracterizar a dieta de L. longicaudis no rio Guamá. Sendo Peixes (95%) e Crustáceos (36%) os táxons mais representativos na dieta. Foram encontrados pedaços de rede de pesca de nylon em 4 amostras fecais demonstrando o possível conflito com a pesca local.