INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E AMBIENTAIS SOBRE A CAPACIDADE DE DISPERSÃO DE
ODONATA EM IGARAPÉS AMAZÔNICOS
Dispersão, Odonata, Amazônia, Marcação-Recaptura.
A capacidade de dispersão das espécies está diretamente ligada às características
morfológicas, fisiológicas e comportamentais individuais, as quais são afetadas pelo
contexto ambiental em que estão inseridas. Compreender os fatores que afetam a
dispersão é essencial, uma vez que as espécies com menor capacidade dispersão tem
maior probabilidade de tornarem-se vulneráveis às intensificações do uso da terra e das
mudanças climáticas. Em vista deste cenário, o objetivo deste estudo é analisar quais as
características morfológicas afetam a capacidade de dispersão de Odonata em
indivíduos adultos presentes em igarapés na região amazônica. Concomitantemente,
iremos avaliar o efeito do uso e cobertura da terra e do gradiente ambiental dos igarapés
sobre a capacidade de dispersão. Testando as hipóteses de que i) o maior volume do
tórax e o maior formato das asas das libélulas estarão relacionados ao aumento da
capacidade de dispersão, por outro lado, a menor largura da base das asas à menor
dispersão; e ii) em áreas florestais as espécies terão menor dispersão, devido a maior
cobertura de dossel que influencia na presença de indivíduos com menor tamanho
corporal nesses locais. A amostragem ocorreu em 12 igarapés no município de
Barcarena no Estado do Pará, Brasil. O método empregado foi o de marcação-recaptura
monitorando a dispersão das libélulas nos riachos para detectar seus movimentos.
Utilizaremos Modelos de Equações Estruturais que possibilitam testar relações causais
entre as variáveis testadas, representadas pelas variáveis de paisagem (vegetação
florestal, agropecuária e industrialização), as variáveis ambientais (cobertura do dossel
do canal, cobertura da zona ripária, largura do canal e IIH), as variáveis morfológicas
(comprimento total do corpo, volume do tórax, aspecto ratio, largura da base das asas) e
a variável resposta a dispersão dos indivíduos (metros). Foram marcados 541
indivíduos, destes 86.14% corresponderam a espécimes da subordem Zygoptera e
13.86% da subordem Anisoptera. Ao todo, obteve-se 186 reavistamentos. A taxa de
indivíduos reavistados foi de 26.98%, a maioria foram reavistados uma única vez, os
mais recapturados foram Zygopteras machos pertencentes aos gêneros Mnesarete
(n=33), seguido de Hetaerina (n=26) e Argia (n=14). A menor distância percorrida
registrada foi de 0.17 m e a máxima de 102.36 m, no qual 92.46% dos indivíduos
moveram-se menos do que 60 m e apenas cinco voaram mais do que 90 m. Os próximos
passos a serem realizados para finalização do trabalho inclui a análise morfométrica, a
análise estatística e a discussão dos resultados.