“Efeito das paisagens modificadas por práticas agrícolas sobre a composição e a estrutura das assembléias e espécies de Drosophilidae (Diptera)”
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A Floresta Amazônica sustenta a maior diversidade biológica do mundo. Ocupa mais de 40% do território brasileiro. Nos últimos anos as taxas de perda florestal e degradação da Amazônia, aumentaram consideravelmente, como resultado da expansão agrícola, criando um mosaico de paisagens altamente modificadas. Estas mudanças colocam em perigo tanto a biodiversidade como os serviços ecossistêmicos a ela associados, além de provocar forte estresse sobre as espécies. Efeitos de estresse podem resultar em alterações fisiológicas que se refletem em diferenciação morfológica entre as populações remanescentes, que agora ocupam a nova paisagem. O objetivo deste trabalho foi testar o efeito de alguns tipos de uso da terra sobre a assembléia de drosofilídeos frugívoros e sobre a morfologia de algumas espécies presentes em áreas originalmente florestais que se transformaram em um mosaico de paisagem, contendo fragmentos florestais, vegetação sucessional e zonas de cultivos. O primeiro estudo foi desenvolvido em três localidades agrícolas e o segundo em seis localidades, incluindo três áreas de floresta preservada. As coletas foram realizadas de forma padronizada, com armadilhas dispostas ao longo de transectos estabelecidos sobre os usos da terra predominantes nas áreas de estudo. Nossos resultados mostraram que a riqueza de espécies não diferiu entre os diferentes tipos de uso da terra, mas as distribuições de abundâncias e a composição de espécies foram claramente distintas entre os usos agrícolas intensivos e os sistemas florestais. A cobertura florestal e umidade relativa do ar foram as variáveis determinantes da distribuição das espécies. Os usos agrícolas foram dominados por espécies cosmopolitas não nativas associadas a áreas mais abertas. Constatou-se diferenciação morfológica entre os indivíduos capturados nas localidades de floresta preservada e nas áreas de usos agrícolas, independentemente da espécie. Surpreendentemente os indivíduos capturados nas florestas foram sempre menores em relação aqueles capturados nos tipos de uso mais intensivo. Estes resultados mostram os efeitos da mudança da paisagem sobre as populações remanescentes de espécies nativas indicando a amplitude das mudanças quantitativas e qualitativas sobre o conjunto de espécies. No entanto a manutenção de porções florestais nas áreas de uso agrícola pode beneficiar a permanência das espécies nativas nestas paisagens.