"Filogeografia do complexo de espécies Willisornis poecilinotus / vidua (Aves: Thamnophilidae)"
Sistemática. Diversificação. História Evolutiva.
Os fatores históricos que contribuíram para a grande biodiversidade na região amazônica são bastante controversos. Ao longo dos anos, verificou-se que os grandes rios amazônicos representavam barreiras, muitas vezes separando linhagens proximamente relacionadas. No entanto, na região das cabeceiras de alguns rios Amazônicos são observadas zonas de contato entre linhagens de aves, que mantêm fluxo gênico, mesmo separadas rio abaixo em margens opostas. Foram detectadas zonas híbridas entre vários pares de espécies e subespécies de aves próximas às cabeceiras do rio Tapajós, incluindo duas espécies do gênero Willisornis, mostrando que o "efeito barreira" exercido pelo rio pode ser relativo. Diante disso, o alvo deste projeto será o complexo de espécies Willisornis, tendo como objetivos: estabelecer as relações filogenéticas no gênero e a história filogeográfica das espécies, testar limites entre as linhagens dentro do complexo, até hoje inéditas e não estimadas por qualquer outro estudo, além de verificar a ocorrência de fluxo gênico e inferir acerca da existência de possíveis zonas de hibridização entre as populações do complexo. Até o momento, 27 amostras foram sequenciadas para os genes ND2, G3PDH, MUSK e BF5 e 172 para o gene CITB. Utilizando esses dados, duas hipóteses filogenéticas foram estimadas utilizando o critério de Inferência Bayesiana. A árvore filogenética sugere a existência de nove, ou dez linhagens, respectivamente, sendo a maioria, delimitadas por grandes rios amazônicos. Os resultados contrastam com os limites atualmente reconhecidos entre os diferentes táxons do complexo, bem como apontam para a parafilia de W. poecilinotus.