O espaço morfológico de aves e extinções locais na região metropolitana de Belém.
Aves; urbanização; degradação de hábitat; extinção; espaço funcional.
A urbanização pode ser comparada a uma perturbação em grande escala, alterando a heterogeneidade da paisagem e estruturação das comunidades. Ainda, pode ser caracterizada pela alta presença de superfícies impermeáveis, alta densidade populacional antrópica e acentuada modificação do fluxo de energia e nutrientes. Alterações no hábitat podem resultar em maior pressão competitiva por espaço e recursos alimentares, além de reduzir o tamanho populacional de algumas espécies. As taxas de extinção e redescoberta de espécies são maiores nos trópicos onde a biodiversidade é mais rica e o uso da terra ocorre em larga escala. Dados sobre morfologia são importantes em estudos de relações intra e interespecíficas, bem como sobre organização de comunidades. Medidas morfológicas podem ser facilmente obtidas de espécimes ou a partir de dados já catalogados em coleções científicas. Medidas morfológicas podem expressar respostas da interação de indivíduos com o hábitat, como também as pressões competitivas e ambientais a que são submetidos, podendo levar a comparações macroecológicas entre hábitats ou regiões. Nesse contexto temos as aves, um grupo amplo e diverso, presente em todos os biomas e continentes do planeta. O grupo tem taxonomia bem estudada, comportamento conspícuo e são comumente usadas como objeto de estudo devido à alta sensibilidade as alterações do hábitat. No presente projeto, avaliaremos se extinções locais registradas para a região metropolitana de Belém (RMB) e o avanço do espaço urbano, alteraram o espaço morfológico de aves da região ao longo do tempo, com consequente perdas locais de caracteres funcionais. Para isso, propomos um estudo a partir de dados temporais disponíveis sobre processos de extinção local e persistência de aves amazônicas em uma região de intensa fragmentação e degradação, através da análise do espaço morfológico de aves da RMB. A área escolhida para o estudo está localizada a nordeste do estado do Pará e compreende os municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Isabel, Santa Bárbara do Pará e Castanhal. A base de dados para a região foi organizada a partir do trabalho de aves de Novaes & Lima (2009), com 491 espécies documentadas para a RMB, que inclui as espécies ausentes discutida por Moura (2014) a partir do diagnóstico sobre extinções que aconteceram na região. Para descrever a morfologia das aves, selecionamos os caracteres com hipóteses funcionais bem estabelecidas na literatura de aves. Utilizaremos um banco de dados extraído de estudos morfométricos de espécies realizados no Museu Paraense Emílio Goeldi, entre 2012 e 2014. O protocolo para as medições de aves envolveu medidas do bico, asa, cauda e tarso. Adicionalmente, dados categóricos disponíveis na literatura sobre dieta, local de avistamento, tipo de avistamento e período de atividade serão também considerados. A matriz final será composta por 19 caracteres funcionais. A partir da matriz morfológica, usaremos a Análise de Componentes Principais (PCA) para descrever o espaço morfológico das aves. Para calcular diversidade morfológica, usaremos índices que descrevem a estruturação morfológica de comunidades, como medidas derivadas de matriz de distâncias (MPD) ou de árvores funcionais (FD). Esperamos que o espaço morfológico de aves tenha sofrido alterações significativas após o avanço do espaço urbano e extinções locais de espécies ao longo do tempo, com perdas e também persistências de caracteres funcionais de aves amazônicas.