AVALIAÇÃO DO EFEITO DA FRAÇÃO LIPÍDICA EXTRAÍDA DE Agaricus brasiliensis NA DISFUNÇÃO MICROVASCULAR, HEPÁTICA E CARDÍACA EM MODELO DE SEPSE LETAL EM MURINO
Sepse, Agaricus brasiliensis, disfunção orgânica, imunomodulador e antioxidante, disfunção microvascular, disfunção cardíaca e disfunção hepática.
A sepse é definida como uma disfunção orgânica potencialmente fatal causada por uma resposta imune desregulada do hospedeiro à uma infecção. Durante a sepse ocorre a desregulação da resposta do hospedeiro com a liberação excessiva de mediadores pró-inflamatórios, geração de espécies reativas com depleção das defesas antioxidantes e dano celular. Com isso o paciente desenvolve disfunção orgânica. Nesse contexto, nosso grupo propõem que a Fração lipídica de A.brasiliensis (FLAb) como uma possível terapia da sepse considerando sua atividade imunomoduladora e antioxidante sistêmica do em modelo de sepse murino. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade in vitro da FLAb e o efeito do tratamento em modelo de sepse letal induzida por ligadura e perfuração do ceco (CLP) na disfunção microvascular, hepática e cardíaca. Para isso, a FLAb foi fornecido gentilmente pela Dr. Herta Dalla-Santa da UNICENTRO. No presente estudo foi avaliado a capacidade antioxidante de diferentes concentrações de FLAb (1,25; 5; 12,5; 25 e 100 μg/mL) e em linhagem de macrófagos RAW 264.7-Luc foi avaliado a citotoxicidade, capacidade fagocítica, óxido nítrico, atividade da NF-κB e citocinas TNF-α e IL-6. Em modelo de sepse CLP em Mus musculus de linhagem swiss foi avaliado a sobrevida por 7 dias dos grupos CLP+Sal (0,9%), CLP+FLAb (0,2mg/Kg), CLP+F-erta (0,2mg/Kg; 30mg/Kg). Todos os animais sépticos tratados com salina vieram a óbito dentro dentro de no máximo 48 horas enquanto os grupos tratados com FLAb e F-Erta sobreviveram os 7 dias. Durante esse período foi avaliado parâmetros clínicos destes animais, os animais sépticos tratados com salina apresentaram piloereção, com nível de consciência pouco ativo e na maior parte do tempo apresentaram-se parados na gaiola, alguns destes apresentaram secreção ocular. Além disso, os animais tratados com salina apresentaram perda de peso significativa, redução no consumo de água e ração resultando no óbito. Os grupos FLAb e F-ERTA apresentaram-se ativos, com a aparência normal, com respiração e batimentos cardíacos normais além de consumirem água e ração dentro do normal. No sítio inflamatório, cavidade peritoneal o tratamento com a FLAb apresentou efeito anti-inflamatório, diminuiu as espécies reativas de oxigênio (ERO) e aumentou a atividade antioxidante GSH e protegeu do dano celular, mantendo o recrutamento de neutrófilos e os níveis de óxido nítrico (NO), reduzindo a carga bacteriana. Na disfunção microvascular a FLAb normalizou os parâmetros da coagulação (plaquetograma, tp e ttpa), eliminou a carga bacteriana protegeu os animais do dano tecidual. Na disfunção hepática, 6 horas após CLP o tratamento com a FLAb diminuiu os parâmetros bioquímicos mostrando efeito protetor, além disso, apresentou atividade imunomoduladora, antimicrobiana e antioxidante evitando o dano hepático. Na disfunção cardíaca, o tratamento com a FLAb 24 horas após CLP protegeu os animais do dano cardíaco através da atividade imunomoduladora, antimicrobiana e antioxidante. Nesse sentido, a FLAb mostrou ser promissora como tratamento e/ou coadjuvante na sepse além de evitar a disfunção orgânica dos animais sépticos.