INVESTIGAÇÃO IN VIVO DO POTENCIAL EFEITO PROTETOR DA PROLACTINA CONTRA DANOS TÓXICOS DO MERCÚRIO EM Geophagus brasiliensis
Geophagus brasiliensis; Mercúrio; Micronúcleos; Estresse oxidativo; Prolactina
Em geral, grande parte dos resíduos produzidos acabam tendo como destino final os corpos hídricos. Metais como o mercúrio (Hg), pelo fato de não serem biodegradáveis, acumulam-se nos organismos e ao longo das cadeias alimentares. O hormônio prolactina (PRL) é uma proteína produzida e secretada principalmente pelos lactótrofos da adenohipófise, cuja função melhor conhecida é a lactação, apesar de possuir mais de 300 atividades biológicas. A maioria das comunidades ribeirinhas apresenta elevado consumo de peixes na dieta, aumentando, o risco de exposição a metais pesados em áreas poluídas, o que justifica o estudo sobre a PRL. O objetivo do estudo foi investigar in vivo o potencial protetor da PRL contra a ação tóxica do metilmercúrio (MeHg) em Geophagus brasiliensis (peixe acará) através do teste do micronúcleo e análises bioquímicas (Peroxidação lipídica, Catalase - CAT e Glutationa peroxidase - GPx). Os peixes foram divididos em 3 grupos: 1) CN: Controle Negativo (n=6); 2) MeHg a 0,5 mg/L (n=6); e 3) MeHg a 0,5 mg/L e PRL a 250 µg/kg de 12h/12h (n=6). Os tratamentos (duração de 5 dias) foram realizados com CH3HgCl por via hídrica e com PRL por injeção intraperitoneal. Houve um aumento altamente significativo (p<0,001) na formação de micronúcleos (MNs) e anormalidades nucleares eritrocitárias (ANEs) no grupo MeHg em comparação com o CN, mas quando a PRL foi administrada (grupo MeHg/PRL), as frequências de MNs e ENAs foram reduzidas. A análise TBARS não foi significativa entre os grupos testados. O CAT sofreu uma redução altamente significativa (p<0,001) nos grupos tratados em relação ao CN. A GPx apresentou um aumento muito significativo (p<0,01) no grupo MeHg em relação ao grupo CN, e no grupo MeHg/PRL houve uma diminuição significativa (p<0,05), embora não tenha atingido os mesmos valores do CN. Embora o papel da PRL na proteção contra o estresse oxidativo não tenha sido elucidado, o efeito protetor da PRL contra os efeitos mutagênicos do Hg foi muito bem demonstrado. Até onde sabemos, esta é a primeira demonstração do efeito protetor da PRL contra a mutagenicidade induzida pelo Hg em peixes.