“ANÁLISE TRANSCRIPTÔMICA DAS LINHAGENS CELULARES B103 E C6 EXPOSTAS À AÇÃO DO METILMERCÚRIO”
MeHg, Transcriptoma, SNC, Poluição, Mercúrio.
A intensificação das atividades antrópicas tem produzido uma alta taxa de poluição
ambiental principalmente em corpos hídricos, onde a contaminação por metais se tornou
objeto de grande importância, devido à incapacidade desses ambientes em suportar tal
poluição. O mercúrio (Hg) é um metal pesado de ocorrência natural, que pode ser
utilizado na fabricação de elementos domésticos como lâmpadas fluorescentes,
fungicidas e germicidas. A entrada do Hg na cadeia alimentar ocorre pela metilação dos
íons Hg2+ em MeHg. Após a metilação, o mercúrio é considerado altamente tóxico para
o ser humano, e entre os principais órgãos alvo dessa intoxicação podemos citar o cérebro,
uma vez que o MeHg atravessa facilmente a barreira hematoencefálica, podendo
acumular-se em diferentes áreas cerebrais. Sabe-se que, uma vez no SNC, o MeHg pode
causar extensos danos celulares, como dano ao DNA, estresse oxidaivo, neuroinflamação
e morte celular tanto em neurônios quando em células da glia. Dessa forma, o objetivo
deste trabalho foi analisar as alterações transcriptômicas das linhagens celulares B103 e
C6, células derivadas de neuroblastoma e glioma de Rattus norvegicus, expostas à ação
do metilmercúrio. Para isso, foi utilizada a técnica de microarray de expressão afim
avaliar o perfil global de expressão genica após 24 h de exposição ao MeHg. Nossos
resultados demonstraram que o MeHg induz alterações significativas na expressão genica
das duas linhagens celulares estudadas, sendo estas alterações mais proeminentes na
linhagem C6, na qual observou-se uma maior quantidade de genes diferencialmente
expressos. Entre os genes que mais se destacaram após a exposição das células B103 ao
MeHg destacaram-se os genes Cdc42se2 (log2 FC -4.055713), Dcx (log2 FC 3.618981)
e 4930449C09Rik (log2 FC 3.5129156) para a concentração de 0,1 μM. Já para a
exposição de 2,8 μM, os genes com maior FC foram Crem (log2 FC -4.027875),
Otoa (log2 FC 3.501512) e Dcx (log2 FC 3.423433). Além dos genes acima citados,
destacaram-se os genes Trim14, Gm14169, Gm30871, Otoa e Dcx por serem
compartilhados entre os dois grupos expostos. Quanto a linhagem C6, destacaram-se dez
transcritos com FC maior que 3 (Aldh1l2, Dac1, Rps4l, Zbtb46, 6430573p05Rik, Tcf12,
Awat2, Muc3, Dclre1b, Slc38a6). No tratamento de 6,3 μM, apenas três genes foram
alterados mais de 3 vezes (Rps4l, Ankdr44 e 2610318N02Rik). Vale ressaltar que três
genes foram compartilhados entre os tratamentos (Rps4l, Lamb 3 e Gm 41386).